PF identifica plano para "exportar" esquema do Detran-MS para o Paraguai
Documento foi encontrado pela PF na casa de investigado em outra fase da Operação Lama Asfáltica, que apura pagamento de propina
Documento apreendido na 7ª fase da Operação Lama Asfáltica, deflagrada esta semana, revela projeto para levar a “expertise” do sistema de gerenciamento de trânsito adotado no Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito de MS) para o Paraguai.
Os documentos foram encontrados na casa de Fábio Portela, alvo da 6ª fase da Lama Asfáltica, a Operação Computadores de Lama. Nesta etapa, a PF apurou esquema de desvio de recursos e pagamentos de propinas a partir de contratos firmados com empresas de informática.
O documento que cita o chamado “Projeto PY” consta no pedido de busca e apreensão, sequestro de bens e prisão preventiva encaminhado pela PF à 3ª Vara da Justiça Federal de Campo Grande, referente à Operação Motor de Lama.
No projeto, datado de 16 de setembro de 2015, consta que é “voltado ao contato com autoridades paraguaias para fornecimento dos sistemas do DETRAN/MS para gerenciamento de trânsito no Paraguai”.
O relatório é assinado por Marcos Glienke, que descreve sua vinculação com projeto como “colaborador da ITEL Informática, assistente do Odair (sic) organização do projeto e avaliação comparativa dos sistemas de trânsito brasileiro e paraguaio”.
De acordo com inquérito, Odair Ribeiro Mendonça Junior foi funcionário da Itel Informática, de agosto de 2006 a janeiro de 2016, sendo funcionário de João Baird, também investigado pela PF.
A Itel foi fechada em fevereiro de 2016 e incorporada a Mil TEc Tecnologia da Informação. Baird também seria o verdadeiro dono da PSG Informática e que o proprietário inscrito, Antônio Cortez, era “mero laranja”.
As empresas fazem parte da investigação da 6ª fase da Operação Lama Asfáltica, que apurou envio para o Paraguai de recursos desviados dos contratos com governo do Estado e, depois, remetido aos envolvidos no esquema. Nesta fase, a PF apurou que a empresa paraguaia Rave S.A, seria uma extensão da PSG no exterior, usada para “lavar dinheiro”.
“Importa destacar que essa empresa paraguaia foi adquirida em outubro de 2015, após a deflagração da primeira fase da Operação Lama Asfáltica (julho/2015). (...) Portanto, é razoável imaginar que, com o temor de que seus negócios pudessem estar sob investigação, João Baird e Antônio Cortez resolvessem abrir um negócio no Paraguai como meio de “lavar dinheiro” oriundos de crimes praticados por meio das empresas Itel, Mil Tec e PSG”.
Motor de Lama - A operação cumpriu 19 mandados em Campo Grande e Dourados, além de bloquear mais de R$ 42 milhões em bens dos envolvidos. Nesta fase, o foco são irregularidades envolvendo contratos do Detran-MS em favor da empresa ICE Cartões para serviços de emissão de CNHs (Carteira Nacional de Habilitação) entre outros.
Nesta 7ª fase, foram averiguados repasse de propinas e, posteriormente, o escoamento deste dinheiro para o exterior mediante a prática de atos de evasão de divisas pela via de compensações financeiras.