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Cidades

Plano de resgate descoberto tirou “Fantasma da Fronteira” dos presídios de MS

Resgate de preso teria apoio do PCC, conforme apurado pela Agepen e informado ao Judiciário

Por Anahi Zurutuza | 03/09/2024 20:15
Foto de Caio Bernasconi Braga em ficha elaborada pela PF (Foto: Reprodução dos autos de processo)
Foto de Caio Bernasconi Braga em ficha elaborada pela PF (Foto: Reprodução dos autos de processo)

A descoberta de plano para resgatar Caio Bernasconi Braga, o “Alemão” ou “Fantasma da Fronteira”, da Penitenciária Masculina de Regime Fechado Gameleira I, a “Supermáxima” de Campo Grande, foi responsável pela inclusão emergencial do traficante no sistema carcerário federal. O homem que passou quase uma década foragido, vivendo como um fantasma – daí o apelido –, foi levado para a Penitenciária Federal da capital sul-mato-grossense em operação sigilosa, no dia 2 de junho do ano passado, e depois, transferido para a unidade de Brasília (DF).

As informações constam em mandado de segurança impetrado pela defesa de Bernasconi na Justiça de Mato Grosso do Sul para acesso aos detalhes apurados pela Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) para justificar pedido de transferência do preso. O traficante, hoje com 30 anos, foi pego no dia 2 de maio de 2023 e naquele mesmo mês, houve a movimentação para tornar o “Fantasma da Fronteira” um preso federal.

“Dados recentes apontam a existência de um planejamento de resgate de Caio da PEMRFG I, inclusive com uma equipe designada que já estaria arregimentando membros da organização criminosa especializados em roubos a bancos para o referido intento criminoso. O plano seria executado por particulares, com o apoio logístico do PCC [Primeiro Comando da Capital], que forneceria armamento, já havendo autorização da facção para a liberação de fuzis pelo setor denominado ‘paiol’ do PCC”, diz ofício enviado pelo diretor-presidente da Agepen-MS, Rodrigo Rossi Maiorchini, ao Judiciário no dia 26 de maio do ano passado.

Também há mais de um ano, a advogada Josimary Rocha de Vilhena tenta reverter a situação do cliente, de modo a transferi-lo para unidade carcerária com regime menos rígido que o federal, e o acesso aos detalhes do suposto plano, que contaria com apoio do “paiol” – lugar para o armazenamento de armas – do PCC.

A defesa alega que, ironicamente, a prisão preventiva do cliente é mantida com base em “elementos fantasmas”. Argumenta ainda que Caio Bernasconi não tem qualquer ligação com o PCC e nem é líder de organização criminosa.

Movimentação da Força Nacional e Exército em Ponta Porã no dia da prisão de "Fantasma" (Foto: Reprodução)
Movimentação da Força Nacional e Exército em Ponta Porã no dia da prisão de "Fantasma" (Foto: Reprodução)

A prisão – Relatório da Polícia Federal sobre o dia da prisão de “Fantasma” traz detalhes que não chegaram ao público em maio do ano passado.

Caio Bernasconi é apontado como o braço direito e substituto de outro bandido renomado, Sergio de Arruda Quintiliano Neto, o “Minotauro”. O traficante com apelido de personagem da mitologia grega foi preso em fevereiro de 2019 em Balneário Camboriú (SC) após comandar banho de sangue na linha internacional do Paraguai com Mato Grosso do Sul. Entre os crimes atribuídos ao bandido estão os assassinatos de um policial civil e do ex-vereador de Ponta Porã, Chico Gimenez.

Já “Alemão” foi pego quando trocava de aeronave em pista de pouso de fazenda em Amambai – cidade da fronteira a cerca de 300 km da Capital. No momento da prisão, conforme relatório da PF, Bernasconi estava com documentos falsos – em nome de João Ricardo Guimarães – e tinha cinco celulares.

Policiais federais descrevem ainda que “Fantasma” conseguiu destruir um dos aparelhos durante a abordagem e ao ser questionado sobre o motivo disse: “Vocês não são bobos e sabem que o celular entregaria muita gente”.

Celulares apreendidos com "Fantasma da Fronteira" (Foto: Relatório da PF/Reprodução)
Celulares apreendidos com "Fantasma da Fronteira" (Foto: Relatório da PF/Reprodução)

Após a prisão, Caio Bernasconi foi levado para a Delegacia da PF em Ponta Porã, onde passou um dia sob forte aparato de segurança, que contou inclusive com tanques de guerra circulando pelas ruas da cidade.

Ele era procurado desde 2015, quando teve a prisão preventiva decretada pela Justiça de Bauru (SP) e fugiu. Em agosto de 2020, tornou-se alvo de outro mandado de prisão, decretado pela 4ª Vara Federal de Recife (PE), no âmbito da Operação Além-Mar, deflagrada pela Polícia Federal em Mato Grosso do Sul e em outros 11 estados e no Distrito Federal.

Conforme as investigações, Bernasconi liderava esquema de envio de drogas que saíam da fronteira com Mato Grosso do Sul e ficavam armazenadas no interior paulista antes de serem despachadas para portos do Nordeste, para então chegar à Europa.

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