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Cidades

Preso no Brasil, “Fantasma” volta para rua se Argentina enrolar com extradição

Considerado "megatraficante", Jorge Granier Ruiz foi condenado no Brasil a pena no regime aberto

Anahi Zurutuza | 04/08/2023 19:55
Jorge Adalid Granier Ruiz quando foi preso pela PRF (Foto: Paulo Francis/Arquivo)
Jorge Adalid Granier Ruiz quando foi preso pela PRF (Foto: Paulo Francis/Arquivo)

Preso em Mato Grosso do Sul desde o dia 28 de abril, quando foi pego usando documentos falsos pela PRF (Polícia Rodoviária Federal), Jorge Adalid Granier Ruiz, de 43 anos, conhecido como “Narcofantasma” ou “Nono”, concordou em voltar para a Argentina, onde responde por tráfico de entorpecentes. A defesa informou a vontade do cliente ao STF (Supremo Tribunal Federal), que pediu parecer da PGR (Procuradoria-Geral da República) no dia 2 deste mês.

O ministro Luiz Fux é quem analisa o pedido do governo de Argentina para o Brasil entregar Granier Ruiz, que só está preso ainda por força de mandado de prisão preventiva para fins de extradição. Pelo crime de uso de documentos falsos, em Mato Grosso do Sul, o boliviano de nascimento, mas dono de tripla nacionalidade (paraguaia e argentina também), foi condenado a 2 anos de reclusão no regime aberto.

“Após o deferimento da extradição, se a Argentina não fizer isso em 60 dias, pode ser colocado em liberdade”, explica o advogado de Granier Ruiz no Brasil. Ele explica que a decisão do cliente em ser favorável à extradição foi um consenso com as defesas do acusado de tráfico na Argentina e na Bolívia. “As provas contra ele na Argentina são frágeis, débeis como eles dizem”.

O defensor afirma ainda que o conselho dos advogados foi repassado a “Fantasma”, mesmo ele manifestando a vontade de permanecer no país e negado as ligações com o narcotráfico internacional. “Pela lei, meros indícios de crime bastam para um pedido de extradição, não há necessidade de uma sentença transitada em julgado. Então, depois de uma análise minuciosa, entendemos que a chance dele permanecer no Brasil é mínima. Por isso, para encurtar o processo, fomos ao STF concordar com a extradição”.

Documentos falsos encontrados com "Fantasma" (Foto: Paulo Francis/Arquivo)
Documentos falsos encontrados com "Fantasma" (Foto: Paulo Francis/Arquivo)

Flagrante – “Narcofantasma” era procurado pelo mundo desde abril de 2022. Foi em 15 de abril do ano passado que ele entrou para a difusão vermelha da Interpol – ferramenta da polícia internacional para encontrar criminosos com a finalidade de extraditá-los – e recebeu a classificação “perigoso”.

A ficha de Granier Ruiz foi anexada ao pedido de prisão feito pelo Escritório Central Nacional da Interpol no Brasil ao STF, horas depois de o acusado de comandar esquema de tráfico internacional de cocaína ser localizado pela PRF na BR-163, em Jaraguari – cidade a 44 km de Campo Grande.

Policiais rodoviários federais prenderam “Nono” numa terça-feira, durante abordagem de rotina a uma Toyota Hilux. Nem armado o homem acusado de ser um “megatraficante” estava.

Ele, porém, se apresentou com nome falso, de Jorge Mendez Ardaya, boliviano que morreu em 2012. Policiais desconfiaram dos documentos e acabaram descobrindo que eram falsificados.

Segundo Granier, as identidades e o passaporte foram comprados em Belém do Pará por quase 6 mil dólares. Ele contou ainda aos policiais que a mudança na aparência o ajudou a transitar sem ser reconhecido. Como era obeso, se submeteu à cirurgia bariátrica e logo depois passou por lipoaspiração, procedimentos que o deixaram bem mais magro, modificando totalmente sua fisionomia.

O apelido de “Fantasma” surgiu pela discrição. Até pouco tempo, o rosto do homem nem era conhecido, porque ele nunca aparecia nem em fotos.

Quem é? – Fora do submundo, o que se sabe é que ele é um é um empresário boliviano, nascido em San Borja (Bolívia), em 11 de dezembro de 1979.

Segundo um relatório da DEA (Drug Enforcement Administration), a agência antidrogas dos Estados Unidos, Granier Ruiz é responsável por uma estrutura dedicada ao transporte de cocaína em pequenos aviões da Bolívia e do Paraguai para a Argentina. Ele também teria negócios com o PCC (Primeiro Comando da Capital).

Ele entrou para a lista de procurados da Interpol a pedido da Justiça argentina. “Fantasma” era foragido de ordem de prisão pela acusação de ter coorganizado o transporte de 389 kg de cocaína embalados em sacos de estopa, escondidos na carroceria de uma Ford Ranger cabine dupla. A droga foi apreendida, em 24 de setembro de 2020, na chamada Rota 9, em Paraje Paraíso, província de Buenos Aires.

O criminoso responde a outros oito processos no Tribunal Federal 1 de Salta (Argentina), que o acusam de ser responsável pelas operações de drogas no país vizinho. O homem, porém, não tem condenações, segundo a defesa.

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