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Capital

Considerado chefe do PCC na Argentina, "Fantasma" é condenado em MS

Jorge Adalid Granier Ruiz foi preso em Jaraguari com documentos falsos e, agora, aguarda pela extradição

Silvia Frias | 22/06/2023 10:28
Boliviano Jorge Adalid Granier Ruiz foi preso em Jaraguari, com documentos falsos. (Foto/Arquivo)
Boliviano Jorge Adalid Granier Ruiz foi preso em Jaraguari, com documentos falsos. (Foto/Arquivo)

O boliviano Jorge Adalid Granier Ruiz, 43 anos, conhecido como “Narcofantasma”, "Fantasma" ou “Nono”, foi condenado pela Justiça em Mato Grosso do Sul a 2 anos de reclusão e 10 dias-multa pelo crime de falsidade ideológica. Procurado na Argentina em processo por tráfico de drogas, sendo considerado chefe do PCC (Primeiro Comando da Capital) naquele país, Ruiz espera pela definição da extradição.

A sentença condenatória é do juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira, da 3ª Vara Federal de Campo Grande, publicada hoje no Diário da Justiça.

“Fantasma” foi preso no dia 28 de março, durante abordagem de rotina da PRF (Polícia Rodoviária Federal), na BR-163, em Jaraguari, a 47 quilômetros de Campo Grande. Na Hilux, ele viajava com a namorada e Valdenilson Pereira dos Santos, condutor da caminhonete que tinha mandado de prisão em aberto por porte ilegal de arma, expedido em Rondonópolis (MT).

Ruiz havia apresentado passaporte boliviano e RG nacional emitido no Pará. Na checagem, os policiais viram que os dados não batiam e o homem acabou admitindo que todos os documentos eram falsos. A pedido da PRF, escreveu o nome real no papel e confessou ser procurado na Argentina, em processo por tráfico de drogas, com mandado de prisão em aberto. Conforme os dados da Justiça Federal, o crime data de 24 de setembro de 2020 e, desde 29 de março deste ano, havia pedido de prisão preventiva, expedido pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Documentos falsificados apresentados por "Fantasma". (Foto/Divulgação)
Documentos falsificados apresentados por "Fantasma". (Foto/Divulgação)

“Fantasma” disse que pagou US$ 5 mil pela emissão do RG de Belém (PA), que saiu da Bolívia para o Brasil e que pretendia fixar residência em Campo Grande, com objetivo de empreendimento.

Em Mato Grosso do Sul, foi denunciado por uso de documento falso público. No processo, consta que confessou o crime, a exemplo do relato feito aos policiais, mas negou participação no tráfico de drogas na Argentina.

Na sentença, o juiz levou em conta a confissão do réu e se restringiu ao crime de falsidade, já que o processo na Argentina está em trâmite. Mas citou a situação na sentença. “Ressalto que todos os dados inicialmente apresentados (...) convergem para que consideremos o acusado como sendo o próprio ‘Fantasma’ - narcotraficante mais procurado da Argentina e um dos líderes operacionais da facção criminosa "PCC" (Primeiro Comando da Capital) naquele país. Porém, parece-nos temerário usar esses dados para exasperação da pena quando nenhuma, absolutamente nenhuma questão atinente a esses fatos veio aos autos ou foi objeto de particular menção ou debruçamento na instrução.”

A pena mínima para o crime é de 2 anos e 6 meses de reclusão e multa, em regime aberto. Por conta da confissão do réu, o magistrado aplicou a sentença de 2 anos de detenção e 10 dias-multa. Mas, pela admissão do crime e por ser “tecnicamente primário”, Ruiz teve a pena alterada para pagamento de R$ 10 mil em favor de entidade com destinação social e prestação de serviço à comunidade ou entidades públicas, pelo prazo da pena.

Cartaz de busca por "Fantasma",  com foto antes da bariátrica. (Foto/Divulgação)
Cartaz de busca por "Fantasma",  com foto antes da bariátrica. (Foto/Divulgação)

Na sentença, Chaves ainda determinou a revogação da prisão preventiva pelo crime cometido no Brasil, porém, por conta do mandado em vigor na Argentina e pedido de extradição no STF, “Fantasma” permanecerá preso.

Pressa – O advogado Haroldson Zatorre disse ao Campo Grande News que não pretende recorrer da condenação da Justiça Federal em Campo Grande, já que é interesse do cliente ser levado para a Argetina e provar inocência. “Enquanto não chegar, não tem como responder pelo crime lá; o Jorge não se opõe à extradição”.

Zatorre disse que somente irá acompanhar com atenção o procedimento de extradição, para que não tenha qualquer vício de legalidade ou documental. Caso isso ocorra, Ruiz pode acabar sendo colocado em liberdade. Atualmente, “Fantasma” está na Gameleira I, presídio conhecido como Supermáxima.

Flagrante – “Narcofantasma” era procurado pelo mundo desde abril de 2022. Foi em 15 de abril do ano passado que ele entrou para a difusão vermelha da Interpol – ferramenta da polícia internacional para encontrar criminosos com a finalidade de extraditá-los – e recebeu a classificação “perigoso”.

A mudança na aparência o ajudou a transitar sem ser reconhecido. Como era obeso, se submeteu à cirurgia bariátrica e logo depois passou por lipoaspiração, procedimentos que o deixaram bem mais magro, modificando totalmente sua fisionomia.

O apelido de “Fantasma” surgiu pela discrição. Até pouco tempo, o rosto do homem nem era conhecido, porque ele nunca aparecia nem em fotos.

Quem é? – Segundo um relatório da DEA (Drug Enforcement Administration), a agência antidrogas dos Estados Unidos, Granier Ruiz é responsável por uma estrutura dedicada ao transporte de cocaína em pequenos aviões da Bolívia e do Paraguai para a Argentina.

Ele entrou para a lista de procurados da Interpol a pedido da Justiça argentina. “Fantasma” era foragido de ordem de prisão pela acusação de ter coorganizado o transporte de 389 kg de cocaína embalados em sacos de estopa, escondidos na carroceria de uma Ford Ranger cabine dupla. A droga foi apreendida, em 24 de setembro de 2020, na chamada Rota 9, em Paraje Paraíso, província de Buenos Aires.

O criminoso responde a outros oito processos no Tribunal Federal 1 de Salta, (cidade do
Norte da Argentina, na fronteira com a Bolívia), que o acusam de ser responsável pelas operações de drogas no país vizinho. O homem, porém, não tem condenações, segundo a defesa.

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