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Cidades

Último adversário de Cezário defende intervenção de clubes na federação de MS

Paulo Telles espera que nova diretoria seja definida a tempo das competições estaduais

Por Gustavo Bonotto e Jhefferson Gamarra | 21/05/2024 20:33
O ex-dirigente do Cene, Paulo Telles, com a camiseta do Furacão Amarelo. (Foto: Arquivo/Campo Grande News)
O ex-dirigente do Cene, Paulo Telles, com a camiseta do Furacão Amarelo. (Foto: Arquivo/Campo Grande News)

O ex-presidente do Cene (Clube Esportivo Nova Esperança), Paulo Telles, defendeu a intervenção dos clubes sul-mato-grossenses na Federação Estadual de Esporte diante da prisão do gestor Francisco Cezário, ocorrida na manhã desta terça-feira (21). Considerado "rival", o ex-dirigente chegou a pleitear a vaga ocupada pelo investigado.

Em entrevista à reportagem, Telles destacou que Cezário e a Federação ainda devem apresentar suas justificativas sobre o esquema de corrupção que desviou cerca de R$ 6 milhões. "O fato é que existe aí uma acusação severa, pesada e que requer algumas responsabilidades. A atual diretoria não tinha competência legal desde a reeleição, em 2022, e agora cabe a manifestação dos times, que devem convocar uma assembleia geral para tocar o esporte no período das investigações".

O empresário destacou que uma nova diretoria deve ser definida para poder administrar a federação para a continuidade das competições estaduais, como o Campeonato Sub-20 e a Série B. "Temos que continuar, mas quem tem que tomar essas atitudes são, mais uma vez, os clubes. Nós precisamos de uma reformulação do futebol. Claro, não estou aqui julgando, mas a história do nosso futebol está parada e coincide com o período da atual presidência".

Telles relembrou que foi contra a reeleição por considerar que a continuidade do mandato de Cezário "não levaria a lugar nenhum". "Isso oxigena toda a administração, seja pública ou privada. É preciso ter alternância de poder. Infelizmente, os clubes não entenderam dessa forma à época. Tentei via judicial, mas tive votos vencidos".

Por fim, ele reforça a presença de um interventor. "Precisamos de transparência. Saber se é inocente ou se é culpado. Se for inocente, volta aí a administração, e se for culpado, a própria lei vai saber fazer valer o peso da Justiça. Os próprios acusados terão direito à sua defesa, à ampla defesa, ao contraditório, ao devido processo legal, e no fim todas as coisas serão amplamente divulgadas. E se forem condenados, que paguem pelos crimes que cometeram", finalizou.

Entenda - Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) deflagrou a Operação Cartão Vermelho, que apura o desvio de R$ 6 milhões da FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul). A entidade recebe dinheiro público e da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) para custear o esporte no Estado.

Segundo o Ministério Público, foi constatada uma organização criminosa dentro da federação, “cujo principal objetivo era desviar valores, sejam provenientes do Estado de Mato Grosso do Sul (via convênio, subvenção ou termo de fomento) ou mesmo da Confederação Brasileira de Futebol, em benefício próprio e de terceiros”.

Uma das formas de desvio era a realização de frequentes saques em espécie de contas bancárias da Federação, em valores não superiores a R$ 5 mil, para não alertarem os órgãos de controle, que depois eram divididos entre os integrantes do esquema. A investigação constatou mais de 1,2 mil saques, que ultrapassaram o montante de R$ 3 milhões.

Também havia um esquema de desvio de diárias dos hotéis pagos pelo Governo do Estado em jogos do Campeonato Estadual de Futebol. Ao todo, os valores desviados, no período de setembro de 2018 até fevereiro de 2023, superaram a casa dos R$ 6 milhões. Nos últimos 15 anos, a Federação de MS recebeu R$ 11,5 milhões de verba pública, somente através de convênio com a Fundesporte (Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul).

A casa do atual dirigente, localizado na Vila Taveirópolis, na Capital, foi vasculhada. No local, agentes apreenderam mais de R$ 800 mil em espécie.

Contra Cezário também havia mandado de prisão preventiva. Como ele é advogado com registro ativo, o trabalho foi acompanhado por representantes da Comissão de Defesa e Assistência das Prerrogativas dos Advogados de Seccionais da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

André Borges, advogado de Cezário, afirmou que a quantia encontrada na casa tem origem lícita. “Não é crime manter dinheiro em casa. Tem origem lícita, que no momento oportuno será declarada”.

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