ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
DEZEMBRO, QUARTA  25    CAMPO GRANDE 21º

Cidades

Concursos da Educação podem ser suspensos por erro em reserva de vagas

Promotor afirma que seleções que previam mil vagas para professor e 500 para técnicos administrativos não destinaram número certo de oportunidades para negros, índios e PCDs

Ângela Kempfer | 05/02/2019 17:45
Denúncia sobre falta de reserva de vagas em concursos foi encaminhada à 1ª Vara de Direitos Difusos. (Foto: TJMS/Arquivo)
Denúncia sobre falta de reserva de vagas em concursos foi encaminhada à 1ª Vara de Direitos Difusos. (Foto: TJMS/Arquivo)

Investigado pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) por conta de possíveis irregularidades na elaboração da prova que atraiu milhares de candidatos ao cargo de professor, e viu apenas 73 serem aprovados, o concurso público da Secretaria de Estado de Educação entrou na mira da Justiça, também, devido a falta de reserva de vagas em número adequado para negros, índios e PCDs (pessoas com deficiência).

Denúncia nesse sentido foi apresentada pelo promotor Eduardo Cândia, da 67ª Promotoria de Justiça da Capital, à 1ª Vara de Direitos Difusos em dezembro. A ação civil pública pede, em caráter liminar, a suspensão do andamento dos concursos que previam 1.000 vagas para professor e 500 para técnico-administrativo, de forma a adequar os editais de cada processo seletivo.

Cândia, com a ação, pretende que sejam cumpridas as exigências constitucionais de reserva de 20% das vagas existentes para negros e de 5% para os portadores de deficiência, bem como a lei estadual que garante 3% das oportunidades para indígenas.

Ele afirma que os dois editais dos concursos, organizados pela Funrio (Fundação de Apoio à Pesquisa, Ensino e Assistência da Universidade Federal do Rio de Janeiro) adotou um fracionamento no número de vagas que, na prática, reduziu consideravelmente o total de vagas reservadas na seleção para professor e, na focada nos técnicos, não fez a reserva para pessoas com deficiência e índios e destinou “pouquíssimas vagas para negros”, em um total de 33.

Conforme o promotor, a distribuição das vagas reservadas no concurso para professor só foi feita depois de distribuída a lotação em cada município ou por cargo, “gerando o fracionamento do cálculo da reserva de vagas e consequente diminuição, e até mesmo negação, na oferta de vagas às pessoas com deficiência e índios”, anotou.

Candidatos reclamaram do tamanho da letra nas provas. (Foto: Guilherme Henri)
Candidatos reclamaram do tamanho da letra nas provas. (Foto: Guilherme Henri)

Dimensão – Após análise dos dois editais, verificou-se que a quantidade de vagas a serem reservadas não foi definida adequadamente. Uma primeira recomendação foi feita no início de dezembro de 2018 às Secretarias Estaduais de Administração e de Educação, para retificar as vagas, o que não foi seguido.

Nos cálculos da promotoria, das 1.000 vagas para professor, 869 foram reservadas para a ampla concorrência, com 113 para candidatos negros (11,3%), 13 para pessoas com deficiência (1,3%) e 5 para índios (0,5%). O correto, porém, seriam 720 vagas na ampla concorrência, 200 para negros, 50 para pessoas com deficiência e 30 para índios.

No concurso para técnico administrativo, o edital reservou 467 das 500 vagas para a ampla concorrência, com 33 reservadas para negros e nenhuma para as demais ações afirmativas –a defesa era de que deveriam estar garantidas 100 vagas para candidatos negros, 25 para pessoas com deficiência e 15 para oriundos de populações indígenas.

A Promotoria sustenta que a reserva de vagas deve considerar o total de vagas por disciplina e especialidade, levando-se em conta o total do número de vagas. Porém, quando adotaram o fracionamento das lotações por município, as duas secretarias acabaram excluindo as ações afirmativas. “E essa negativa é integral, tanto para o ingresso de pessoas com deficiência quanto para negros e índios”, destacou na ação.

No quadro geral a divergência foi de 149 vagas no concurso para professor e 107 para técnico, que deveriam ser alvo das leis de reserva.

Candidatos reprovados em concurso fizeram protesto no Parque dos Poderes; concurso da Educação é alvo de nova denúncia. (Foto: Guilherme Henri/Arquivo)
Candidatos reprovados em concurso fizeram protesto no Parque dos Poderes; concurso da Educação é alvo de nova denúncia. (Foto: Guilherme Henri/Arquivo)

A ação aguarda decisão do juiz Marcel Henry Batista de Arruda, titular da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos.

Prova – Além da ação já proposta, o concurso da SED para professor é investigado pela 30ª Promotoria do Patrimônio Público e Social e das Fundações da Capital. Com 14.370 inscritos disputando mil vagas, a primeira fase teve apenas 73 aprovados e acumulou 257 reclamações em apenas dois dias –apontando irregularidades na prova que vão desde um tempo menor para resposta, alteração no número de questões anuladas e problemas na impressão nos cadernos de questões, entre outros.

O promotor Marcos Alex Vera solicitou cópia do contrato com a Funrio à Secretaria de Estado de Administração e questionou o governo sobre as medidas tomadas para apurar irregularidades.

Apesar dos apontamentos, o governo estadual descartou anular a prova. Candidatos que foram reprovados no exame realizaram protesto para cobrar providências.

Nos siga no Google Notícias