Ambientalistas se unem para lembrar 5 anos sem Franselmo
No dia 12 de novembro de 2005, o ambientalista Francisco Anselmo Gomes de Barros, então com 65 anos, estendeu dois colchonetes em forma de cruz no Calçadão da Barão do Rio Branco, molhou-os com dois galões de gasolina e ateou fogo, em plena hora do almoço, às 12h. Ele teve queimadura em 100% do corpo e acabou morrendo no dia seguinte, por volta das 11h30.
Há quem encare o fato como ato de loucura, mas os ambientalistas que se reuniram hoje pela manhã no Calçadão da Barão, consideram a imolação de Franselmo um ato de heroísmo. Neste sábado eles prestaram homenagem ao ambientalista, após cinco anos de sua morte.
O vereador Marcelo Bluma (PV) marcou presença no ato e disse que numa quinta-feira, dois dias antes de atear fogo contra o corpo, Franselmo lhe escreveu um e-mail, considerado por ele, "de despedida". "Desde o momento em que o cidadão percebe sua pequenez diante da sociedade, frente ao sistema, ou ele se contrapõe ou acaba sofrendo em consequência de não ter tomado uma decisão. Ele preferiu lutar contra o sistema, afinal, por meio da imolação ninguém iria detê-lo".
Ao menos 15 cartas foram deixadas por Franselmo, endereçadas a familiares, a colegas ambientalistas e à imprensa.
Na mensagem à imprensa, afirmou, que "um terço dos deputados [da Assembleia Legislativa] seria a favor [do projeto das usinas], um terço contra e um terço sem saber o que é. Já que não temos voto para salvar o Pantanal, vamos dar a vida para salvá-lo".
A carta também se refere, como problemas ambientais, ao projeto de transposição do rio São Francisco, tocado "no lugar da revitalização", às queimadas na Amazônia e ao contrabando de sementes de transgênicos na fronteira sul do país.
Numa outra carta, ele disse que "Foi difícil tomar essa decisão de sã consciência. A minha vida sempre foi um sacerdócio em defesa da natureza.