"Após a separação, pai nunca procurou Kauan", diz mãe de menino assassinado
Natural de Ponta Porã, ele se mudou para Campo Grande com mãe e os irmãos quando tinha dois anos
Após se mudar com sua mãe, Janete dos Santos Andrade, para a Campo Grande o menino Kauan, de 9 anos, nunca foi procurado pelo pai. Natural de Ponta Porã - a 323 km da Capital - ele tem apenas o nome do pai na Certidão de Nascimento.
Abalada, Janete disse que o homem nunca buscou saber do filho. "Depois da mudança ele nunca veio atrás. Após a separação, o pai nunca procurou o Kauan. Ele registrou o filho, mas não teve contato", lamentou.
Na sede da Depca (Delegacia Especializada de Proteção a Criança e ao Adolescente), junto com o esposo, Janete conta que Kauan era amoroso e sua rotina era ir para a escola e brincar com os amigos.
Há sete anos com Janete, Ismaile Ferreira Vasque, de 29 anos, relata que conheceu o menino quando tinha apenas dois anos, logo que a mãe se mudou para Campo Grande. "Nós estamos juntos desde que eles vieram para cá. Tinha muito amor por ele, eu criei o Kauan", ressalto Ismaile.
Segundo a tia Luzinete Santos Andrade, 34 anos, a irmã mudou de cidade depois de separar do esposo. "Ela mudou após a separação. Morava em Ponta Porã com o pai dele e as crianças", disse.
O menino era conhecido por gostar de soltar pipa e jogar vídeo-game. Ele morava no bairro Aero Rancho junto com a mãe, o padastro e oito irmãos. "Minha irmã está sofrendo demais, queremos um corpo para enterrar. Ela perdeu uma filha e agora vem acontecer isso com o Kauan. Ela não come, só toma café", lamentou Irene Andrade, de 42 anos.
O menino teve nove irmãos, mas quando ainda tinha sete meses uma de suas irmãs, de 3 anos, foi atropelada. "Ela estava sentada na calçada com o avô e minha irmã tinha ido levar os mais velhos na escola. Um motociclista perdeu o controle e atropelou ela. Morreu na hora", relatou a tia do menino Irene Andrade.
Há 29 dias em busca o menino a família espera o corpo para conseguir se despedir, enquanto a angustia toma conta dos adultos, a saudade se faz presente entre os irmãos. "A de quatro anos fica perguntando se ele não vai voltar. Ela fala: ôô não vai vim?. Ele chegava e ficava no vídeo-game com ela", lembrou emocionada.
Sem esperanças de encontrar o filho vivo, Janete pede apenas que o corpo do menino seja encontrado e Justiça. "Nunca percebi mudança de comportamento. Não conhecia esse homem que é acusado. Os amiguinhos dizem que conhecem. Não dá para aceitar uma coisa dessa, quero o corpo do meu filho. Quero que ele pague o que fez, o Kauan era só um menino", lamentou.