“Blocão” de grandes geradores articula desconto e destinação conjunta do lixo
Associações auxiliam grandes geradores de resíduos a se adequarem ao que pede a legislação. Um dos projetos até mapeia quais são os locais com grande volume de lixo e tenta trazer novas empresas com tecnologia de ponta para destinar resíduos
Campo Grande começa 2019 na tentativa de se adequar o que pede a política nacional de resíduos sólidos. Parte da regulamentação da normativa nacional se deu, na Capital, por meio do decreto publicado pela Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana) no dia 27 de setembro.
O Decreto fala dos grandes geradores, aqueles que produzem 50 quilos ou 200 litros de lixo por dia, e que, segundo a lei, devem ser responsáveis pela geração, manutenção e descarte do lixo, em especial as que produzem lixo considerado tóxico. Os locais, mais de 400, já começaram a ser notificados pela administração municipal.
Para se regularizar, devem apresentar um PGRS (Plano de Gestão dos Resíduos Sólidos), e contratar o serviço de empresas especializadas na destinação desses resíduos. Junto à Prefeitura já são 12 cadastradas para realizar esse serviço.
Com as notificações batendo a porta, unir forças para se adequar ao que pede a legislação foi a saída encontrada pelas empresas e estabelecimentos que produzem grande volume de lixo. Representados por associações, os grandes geradores buscam o serviço das empresas prestadoras em conjunto e conseguem até descontos pelo serviço.
A Abrasel (Associação Brasileira de Restaurantes e Bares de Mato Grosso do Sul) encabeça a união das empresas do setor. Presidente da Associação, Juliano Wertheimer explica que além de negociar com empresas que darão a destinação do lixo, a Abrasel também dialoga com empresas que vão produzir o Plano de Gerenciamento.
“Nós negociamos uma empresa para fazer o Plano, o empresário que quiser contrata, mas o preço é mais competitivo. Estamos negociando diretamente com as empresas que fazem a coleta, já tem 13 empresas que passaram valores para a gente”, contou.
A Abrasel representa 120 empresas e até agora, explicou Juliano, mais de 30 já aderiram à ideia de negociar em conjunto. Juliano garante que os descontos podem chegar a 15%. “Estão aderindo conforme a notificação vai chegando. Fica, por exemplo, a partir de R$ 650 para quem tem os volumes de 50 a 100 quilos por mês. Isso já em uma tabela corporativa, eu acho que dá pra dizer de 10 a 15% de desconto”.
“Nós começamos a negociar com a empresa de engenharia ambiental para elaborar o plano desde dezembro e desde janeiro estamos em negociação com as de destinação dos resíduos. É um mercado muito novo, vieram empresas que viram a oportunidade de negócio. Estão tendo uma readequação de mercado, é importante alertar o empresário de que busque informações da empresa que oferece o serviço, que deve ser cadastrada junto à Semadur”, conta.
Juliano explica que Associação apresenta todos os orçamentos e cada estabelecimento “vai ver o que é melhor para o seu negócio”. “Vamos levar todas as opções”, comenta.
Diretor da Acicg (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande) Roberto Oshiro está à frente de um projeto da Associação que quer unir todos os grandes geradores da cidade e tornar Campo Grande, promete, um modelo na gestão dos resíduos.
Além de buscar o desconto por meio de um “pacotão” com várias empresas, a Acicg também está realizando um mapeamento dos grandes geradores e dialogando até com empresas de fora, especializadas na destinação dos resíduos, para se cadastrarem junto à Semadur. “É um projeto da Associação em parceria com outras entidades, para reunir os grandes geradores e fazer negociações em bloco e trazer novas tecnologias”, comenta.
“Na primeira etapa ficariam obrigadas em torno de 300 e já conversamos com vários, que já são nossas associadas, a exemplo de supermercados, Abrasel, escolas particulares, Exército, Polícia Federal, locais de saúde. A gente tem conversado com todo mundo”, explica.
Segundo o diretor, o projeto pensa em tornar a gestão de resíduos sustentável. “A ideia é ter o mínimo de resíduo possível e fazer o lixo virar recurso, para que seja sustentável. O pessoal de fora tem receio, aquela coisa da política velha, mas falamos que não tem nada disso, a Semadur já se colocou à disposição”, comenta.
Roberto enfatiza as “várias etapas na cadeia do lixo”. “Tudo isso tem que ser cadastrado, tudo isso estamos estudando, precisamos fazer esse mapeamento”, conta. Para mapear quais são os grandes geradores, quanto e que tipo de resíduo produzem, a Acicg contratou um técnico especializado.
O objetivo é oferecer o melhor serviço, com melhor preço, de acordo com o tipo de resíduo produzido pelo gerador. Aderir ao projeto, garante, pode gerar no mínimo 30% de desconto aos grandes geradores.