Admissão de ineficácia de cloroquina não muda protocolo adotado em Campo Grande
Na Capital, ministrar "kit covid" ainda fica a critério do médico e anuência do paciente
Mesmo com admissão por parte do Ministério da Saúde da ineficácia de cloroquina no tratamento da covid-19, a prefeitura de Campo Grande não irá alterar o protocolo adotado. Na rede municipal, desde maio de 2002, receitar medicamentos do kit fica a critério dos médicos e anuência dos pacientes.
A ineficácia da cloroquina e outros medicamentos que compõem o “kit covid” foi admitida por documento enviado pelo Ministério da Saúde à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid na semana passada.
"Alguns medicamentos foram testados e não mostraram benefícios clínicos na população de pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados, sendo eles: hidroxicloroquina ou cloroquina, azitromicina, lopinavir/ritonavir, colchicina e plasma convalescente. A ivermectina e a associação de casirivimabe + imdevimabe não possuem evidência que justifiquem seu uso em pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados nessa população", diz documento.
A assessoria da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) informou que, em Campo Grande, a prescrição da cloroquina ou outros medicamentos do popular “kit covid” ficam a critério do profissional, com concordância do paciente e isso não foi alterado após o divulgado em nota ministerial.
No dia 20 de maio de 2020, o prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD) havia dito que iria liberar o uso do medicamento, mas que isso ia depender da avaliação do médico.
O aval foi dado após protocolo divulgado naquele dia pelo Ministério da Saúde, que liberava uso de cloroquina e hidroxicloroquina até mesmo para casos leves de covid-19.
Em julho de 2020, Campo Grande ainda recebeu remessa de 10 mil comprimidos de cloroquina, doados pelo governo federal. Naquele mês, o prefeito também anunciou a compra de remédios que compõem o "kit covid", ao custo de R$ 863 mil.
O último levantamento da Sesau data de 16 de junho e indica que a cidade recebeu 25 mil comprimidos de cloroquina, sendo que todo o medicamento foi distribuídos na rede, seja para compor o “kit covid” ou para ser ministrado para outras enfermidades.
Deste total, 6.310 foram dispensados e 18.690 ainda estão no no estoque das unidades de saúde.