Ainda em barracos, famílias retiradas de favelas clamam por ajuda
Apenas um banheiro e esgoto a céu aberto são mazelas encontradas por vereadores durante visita ao Vespasiano Martins
Ao menos 120 moradores precisam dividir um único banheiro químico instalado no bairro Vespasiano Martins, próximo de um esgoto a céu aberto. Os materiais de construção acabaram há mais de um mês, adiando o sonho da casa própria de 42 famílias retiradas da favela Cidade de Deus e que vivem no local desde março.
Para tomar banho, improvisaram uma "casinha" com lona, onde insetos dividem o ambiente insalubre (veja na galeria de imagens). A realidade é ainda pior nas outras áreas que receberam ex-catadores: no Teruel, Canguru e Bom Retiro as obras ainda nem começaram.
"A maioria das casas já está na fase de cobrir, mas não temos ideia de quando vai chegar mais material", reclama Mariana Gonçalvez, desempregada e com quatro filhos para sustentar. Questionada sobre a dificuldade em ter apenas um banheiro no local, ela é enfática: "Além de um banheiro ser pouco, ele não é limpo há quatro dias", revela a ex-catadora, que foi transferida há alguns meses para o local com a promessa de dias melhores.
A denúncia foi feita a vereadores que estiveram no local na manhã desta quarta-feira (15), por meio do projeto Câmara Comunitária. No local, os parlamentares adiantaram que vão indicar a situação desumana e precária ao MPE (Ministério Público Estadual) para que cobre providências ao Executivo.
Há quase um mês, o Campo Grande News percorreu as quatro áreas para onde foram transferidas as famílias da Cidade de Deus. A previsão da Prefeitura era que todas as casas estariam prontas até o fim de junho, construídas por meio de mutirão assistido, ou seja, pela mãos dos moradores, com materiais entregues pelo Município. Porém, o cenário é ainda é marcado por barracos de lona e falta de infraestrutura.
O único lugar com algum avanço é o Vespasiano Martins. No Teruel, que fica exatamente ao lado de onde estava instalada a favela Cidade de Deus, cinco casas começaram a ser erguidas, mas as obras logo pararam por falta de material. Já no Bom Retiro, moradores reclamam que logo começarão a pagar por terrenos e casas, ainda morando em barracos, geralmente sem escolas ou postos de saúde próximos.
Posição do Município - Procurada pela reportagem, a assessoria da Prefeitura garantiu que os materiais de construção já estão sendo comprados e chegarão ao Vespasiano Martins na segunda-feira (20), de modo a cumprir o prazo inicial de conclusão - 30 de junho. Porém, nos outros três assentamentos, os insumos serão enviados “na sequência”, informa a Prefeitura, sem precisar a data. Nestes locais, o novo prazo para construção das casas é de 90 dias, contados a partir da chegada dos materiais.
Os recursos são provenientes de suplementação orçamentária que destinará R$ 3,6 milhões para construção das moradias e urbanização das áreas. Ainda conforme a assessoria do Município, o recurso já foi aportado, após veto parcial do prefeito Alcides Bernal (PP).
Confira a galeria de imagens: