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Capital

Além de surpresa, jogo do bicho fechado gera queixas diante de bancas lacradas

Movimentação perto das bancas continuou até esta manhã, quando pelo segundo dia seguido não houve extração

Marta Ferreira, Aletheya Alves e Bruna Marques | 24/09/2020 15:19
Banca do jogo do bicho lacrada, no Centro de Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)
Banca do jogo do bicho lacrada, no Centro de Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)

Pelo segundo dia seguido, não houve extração do jogo do bicho em Campo Grande nesta quinta-feira (24). Consequência de investida das autoridades contra o negócio ilegal deflagrada ontem, o cenário pela cidade é de barraquinhas vazias, situação que provoca reações de surpresa, temor e até queixas entre as pessoas encontradas pela reportagem próximo dos locais onde as apostas são feitas.

 A conversa sobre o tema é breve, pois diante da ação policial a maioria mostra temor, mas revela que tentar a sorte na loteria dos animais é hábito de longa data para muitos, tipo ir na padaria comprar pão, com a diferença da possibilidade de ganhar dinheiro. Em geral, a atividade é aceita como algo normal, mesmo sendo fora da lei.

Hoje, porém,  ou os pontos estão lacrados ou simplesmente sem ninguém, onde a Operação “Black Cat” ainda não chegou. Os dados já revelados apontam 60 bancas fechadas, de um total de 200 na mira da operação.

 Achei ruim porque as pessoas têm costume de jogar, por mais que saibam que é ilegal”, afirmou à reportagem aposentado de 74 anos,   perto de um ponto de apostas no Centro, na 14 de Julho.

Cliente da contravenção, ele disse que já ganhou duas vezes. Os valores somados chegam perto dos R$ 2 mil. Segundo ele, “faz tempo” isso já.

  Agora, afirma, joga com menos frequência. “É uma forma das pessoas ganharem dinheiro”, entende.

 No Bairro Zé Pereira, durante a tarde de ontem, a guarita onde as pessoas estavam acostumadas a jogar, quase toda escondida por uma árvore, ainda não estava lacrada. Ainda assim, não teve movimentação.

 “O movimento não é muito alto, são poucas pessoas que vão ali jogar, ainda mais na pandemia que diminuiu bem”, testemunhou comerciante de 38 anos vizinho ao lugar.

Do outro lado na cidade, na Avenida Rachel de Queiroz, no Aero Rancho, o vendedor de sorvete, de 62 anos,  conta ser apostador, atualmente com menor frequência.   “Antes eu jogava mais, hoje em dia são poucas vezes”.

Segundo ele, na via entre as mais movimentadas da região, havia três opções para fazer apostas. “Achei estranho não estar aberto, quem fica aqui é uma mulher e ela sempre tá por aqui”, comentou.

Também por li, o dono de comércio próximo disse que até foi perguntado pelos policiais se era o responsável. “Não é muita gente que vem jogar aqui, mas tem até um fluxo bom”, contou.

Na Rachel de Queiroz, são três opções, segundo as pessoas ouvidas pelo Campo Grande News. (Foto: Henrique Kawaminami)
Na Rachel de Queiroz, são três opções, segundo as pessoas ouvidas pelo Campo Grande News. (Foto: Henrique Kawaminami)

Perto de outra banca, na mesma avenida, um comerciante contou que o “senhor” que é dono abre cedo o lugar. “Hoje ele veio, ficou uns 20 minutos e foi embora, nem chegou abrir a porta”.

“Tem muita gente que vem procurar por ele, muita gente jogando que agora vai estranhar porque tá lacrado. Segundo ele, “só lacrou e foi embora”.

“Dá dó porque geralmente quem é dono dessas barraquinhas é aposentado, que só tem isso para ajudar na renda”, pontuou.

 A ação foi desenvolvida pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Narcotráfico) e por força-tarefa da Polícia Civil, formada por equipes de 5 delegacias, coordenadas pelo Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos Assaltos e Sequestros).

 Os trabalhos ocorreriam hoje, mas foram antecipados diante do vazamento de informações em áudios de Whatsapp.

 Para lacrar os pontos, o argumento da ação, além da exploração de atividade que é contravenção penal, é o fato de as estruturas ocuparem o passeio público sem autorização par isso. Além disso,  os responsáveis estão sendo confrontados com o fato de não terem alvará concedido pela prefeitura.

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