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Capital

Ambulantes dizem que não vão sair de terminais e pedem mais controle

Vendedores reclamam de terminais lotados e gente sem cadastro

Yarima Mecchi e Julia Kaiffany | 18/11/2016 09:31
Ambulantes no Terminal General Osório (Foto: Marina Pacheco)
Ambulantes no Terminal General Osório (Foto: Marina Pacheco)

Vendedores ambulantes que trabalham nos terminais de ônibus de Campo Grande estão revoltados com a possibilidade de serem obrigados a deixar os locais. Após publicação no Diogrande (Diário Oficial de Campo Grande) que revoga edital de cadastramento da categoria, eles afirmam que vão permanecer trabalhando.

A presidente da AVACG (Associação dos Vendedores Ambulantes Campo-Grandenses), Custódia Pereira, de 54 anos, afirma que a publicação pegou todos de surpresa e, mesmo estando em tramitação desde o início do ano, nenhum dos 120 ambulantes representados pela associação estão com credencial.

"Estamos esperando a Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) entregar a credencial para gente, mas fomos nos regularizando. Nós vamos ficar dentro do terminal", diz.


Ela alega que, como vende salgado, café, leite e chá, teve que fazer curso de manipulação de alimentos, procurar um fornecedor de salgados regularizado e com autorização da Vigilância Sanitária, além de trabalhar só em um período para dar oportunidade para os colegas.


Ambulante há 6 anos no Terminal Bandeirantes, Custódia afirma que novos ambulantes estão tumultuando os terminais e deixando sujeira, além de não estarem em processo de cadastramento e não terem ponto para trabalhar.


"Eles vêm e não deixam espaço para o outro. Eu trabalho só de manhã porque a tarde tem um colega que vem vender o produto dele e todos precisam trabalhar. Mas tem uns que começaram agora e só estão tumultuando", declarou.


Ambulantes do Terminal Morenão, que não quiseram se identificar, confirmaram a declaração de Custódia e ainda relatam que os donos das lanchonetes são os responsáveis pela denuncia feita ao MPE (Ministério Público do Estado) sobre irregularidades nos sorteios. "Eles reclamam porque os ambulantes fazem concorrência e não deixam eles colorarem os preços que quiserem", disse trabalhador que não quis se identificar.


Uma ambulante de 44 anos, sendo que está há 10 no Terminal Morenão, disse que sempre lutou para regularizar a profissão e não se importaria de pagar uma taxa para trabalhar no terminal. Ele pede para que os ambulantes que chegaram agora e não respeitam as regras sejam retirados dos terminais.

"Agora vem esse outro pessoal e tiram o espaço de quem realmente pode estar ali, eu queria que saisse para desafogar".

Rotina - A presidente da associação relata que acorda todos os dias as 2h30 da manhã para preparar as bebidas e estar no terminal às 4h30. Ela mora de aluguel com o marido aposentado, que recebe um salário minimo, e complementa a renda com a venda no terminal. "Eu consigo tirar por mês um salário e meio. Não é muito, mas conseguimos viver".

Custódia disse que por conta de uma fratura na coluna quando trabalhava em um frigorifico teve que mudar de profissão e viu no terminal a chance de sustentar a família. "Meus filhos estão criados, a mais nova tem 25 anos e há 6 eu trabalho como ambulante", afirmou.

Ela disse ainda que não pode deixar de trabalhar nos terminais e que espera uma solução. "Ai fica ruim, não temos condições de deixar o terminal".

Ambulantes ficam em passarela de terminal. (Foto: Marina Pacheco)
Ambulantes ficam em passarela de terminal. (Foto: Marina Pacheco)

Surpresa - No Terminal General Osório os ambulantes foram pegos de surpresa quando indagados pela reportagem, eles não sabiam da publicação no Diogrande. O aposentado Valdivino Vida, de 78 anos, trabalha há 3 anos como ambulante no local. Ele disse que fez o cadastramento na Agetran e que espera não ser prejudicado.

"Se por acaso a Agetran mandar sair, vou sair porque a lei está para ser cumprida. Acho bom que as pessoas que não estejam regulares sejam retiradas".

Outra ambulante que foi pega de surpresa é a Ivane Nunes, de 57 anos, ela trabalha há 2 anos no local e disse não achar justo a suspensão do credenciamento. Ela alega que todos tiveram a oportunidade de se cadastrar e que levou uma extensa documentação para conseguir o cadastro.

"Foi complicado, não é justo. Não acho justo que pessoas estejam nos terminais sem fazerem o mesmo procedimento".

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