Animal que doa sangue salva vida, faz check-up e tutor economiza até R$ 480
Veja requisitos para doar: bolsas salvam cães ou gatos de tutores, que custeiam os exames dos doadores
Não é novidade que animais precisam de transfusão de sangue para sobreviver em casos de doença ou acidente. O que muita gente não sabe é como funciona a doação. Doar uma bolsa pode salvar até quatro vidas e o tutor recebe os resultados de exames sem custo, o que gera uma economia em torno de R$ 480 com o check-up.
Os bancos de sangue avaliam antes se o pet tem condições de ser doador. Não adianta procurar os bancos só para economizar, pois é importante que o animal se sinta confortável com a situação e esteja com saúde.
Dois bancos atendem a demanda de clínicas veterinárias de Mato Grosso do Sul. São eles o CHV (Centro de Hematologia Veterinária) e o BSA (Banco de Sangue Animal), que fica no LabDoc, um laboratório incubado no Hospital Veterinário Dom Bosco da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco).
Requisitos e exames - O CHV faz coleta de sangue de cães e gatos. Para ser doador, o cão tem que ter 25 quilos ou mais e ter entre um e oito anos de idade. O gato tem que ser dócil, ter 4,5 quilos ou mais, ter entre um e oito anos e não ter acesso à rua. Os animais têm que estar com vacinas, vermífugos e antiparasitários em dia e não estar no cio, amamentando ou prenha.
No caso dos cachorros, são realizados os exames hemograma completo: ALT, FA, uréia, creatinina, PPT e frações; parasitológicos: PCRs negativos para as doenças anaplasma platys, babesia canis vogeli, dirofilaria immits, ehrlichia canis, leishmania infantum (chagasi) e tipagem sanguínea.
Os gatos passam por exames hemograma completo; ALT, GGT, uréia, creatinina, PPT e frações; parasitológicos: haemobartonella felis, cytauxzoon felis, Felv (Vírus da Leucemia Felina), FIV (Vírus da Imunodeficiência Felina) e tipagem sanguínea.
Gerente comercial do CHV, a médica veterinária Amanda Marchini Coelho explica que os gatos são sedados para a doação, mas os cães não.
O banco garante a segurança das bolsas por meio do PCR (Polymerase Chain Reaction), teste com o qual uma pequena região de uma molécula de DNA é amplamente copiada por uma enzima (a DNA polimerase), permitindo que a presença da carga viral no sangue do pet doador seja evidenciada precocemente, caso exista.
Os cães têm que gostar e se sentirem bem recebendo a gente na casa deles ou indo até o CHV. Isso também faz parte da nossa avaliação de doador. Não é só um proprietário que quer aproveitar que vai fazer bateria de exames. A gente gosta de acompanhar esse doador, temos o histórico deles, conhecemos hábitos, o que eles comem e buscamos saber se ficou bem após a doação. Tudo isso faz diferença para o animal que está recebendo o sangue”, detalha Amanda.
Já o BSA coleta sangue somente de cães. O banco faz o teste rápido para leishmaniose e dosagem de hemoglobina para avaliar anemia.
Caso o cão não tenha nenhuma dessas doenças, é feita a coleta da bolsa de sangue de aproximadamente 420 ml.
Após a doação, no laboratório do BSA é feito hemograma completo; teste 4DX (ehrlichia, anaplasma, dirofilaria e doença de lyme) e bioquímicos de função renal e hepática.
Não é qualquer animal que pode passar pelo procedimento, há requisitos, segundo a proprietária do BSA, a médica veterinária do BSA, Leizinara Gonçalves Lopes.
Assim como o Hemosul, sofremos com a falta de sangue animal no estoque. Existe uma demanda grande, pois há animais que não estão aptos a doar. Os animais não são sedados, o acesso é feito na veia no pescoço”, diz Leizinara.
Custos - Como o tutor do animal recebe todos os laudos dos exames realizados na doação de sangue sem custos, acaba economizando nos cuidados com o pet.
Para se ter uma ideia, em clínicas da Capital o teste rápido para leishmaniose sai por média de R$ 136, a dosagem de hemoglobina para avaliar anemia custa R$ 24, o teste 4DX (ehrlichia, anaplasma, dirofilaria e doença de lyme) sai por R$ 200 e bioquímicos de função renal e hepática e hemograma completo saem por R$ 125. Tudo isso daria R$ 485.
Os custos dos exames acabam sendo pagos pelos tutores dos animais que vão comprar aquelas bolsas de sangue. É feito um teste de compatibilidade antes da transfusão.
Primeira vez - Pensando em ajudar outros animais, o educador físico Romeu Saravay Junior, de 50 anos, pesquisou sobre o assunto e buscou o Banco de Sangue Animal Doe Vida para coletar sangue dos dois cachorros da raça labrador golden em sua residência no Bairro Leblon.
A falta de informação sobre o assunto contribui para reduzir o número de doadores. Uma prima me falou sobre o assunto, pesquisei e resolvi ajudar outros animais. É satisfatório saber que meus animais podem salvar outros pets", comenta Romeu.