Após semana com horário reduzido, pais reclamam de volta às aulas “pela metade”
Hora a menos é necessária para dar tempo de higienizar salas de aula, defende secretária de Educação
Depois da experiência de uma semana de aulas em carga horária reduzida nas escolas da Reme (Rede Municipal de Ensino), pais questionam a “estratégia” de liberar alunos da manhã às 10h e da tarde, às 16h. Além dos horários inviáveis para quem “bate ponto” buscar os filhos, o baixo aproveitamento dos alunos também é motivo de críticas.
“Defendo a volta para o presencial de verdade. Não tem justificativa isso. Se os alunos, depois de um ano e meio em casa, já estão voltando com deficit de aprendizagem, agora era o momento de fazer uma força-tarefa para recuperar o tempo que as crianças ficaram em casa”, destaca a servidora pública federal, Aline Monteiro, 43 anos, mãe de aluno do 1º ano do Ensino Fundamental, na Escola Municipal Manoel Inácio de Souza, localizada no Bairro Santo Antônio.
Segundo ela, o filho de 7 anos ainda não sabe ler e escrever. “Está com atraso na alfabetização. O ano de 2020 foi só enrolação, ninguém aprendeu nada”, opina a mãe, que trabalha em instituição federal de ensino, mas conta que virou professora dos filhos no ano passado. “Sou super cuidadosa, mas mesmo assim, não consigo [substituir o professor em sala de aula], porque não tenho competências técnicas para isso”.
De acordo com a secretária municipal de Educação, Elza Fernandes, durante entrevista na Escola Municipal Etalívio Pereira Martins, no Bairro Monte Castelo, nesta tarde, a redução de 25% na carga horária para os alunos do ensino presencial é necessário para garantir temo suficiente para a higienização da escola, por exemplo.
Aline Monteiro contesta. “Meu filho estuda numa escola que tem nove salas de aula. Eles têm de aumentar o quantitativo de pessoal para fazer a limpeza e não reduzir a carga-horária. É ilusão achar que 3 horas são suficientes para absorver o conteúdo”.
Pai de aluna da Escola Municipal Elpídio Reis, o serralheiro Nestor Marques, de 40 anos, diz ser inviável buscar a filha, de 13, às 16h. “É bem no meio do expediente. É impossível. A gente tem horário para cumprir com as empresas”.
Ele fez reclamação com a coordenação da escola, mas diz que agora só vai saber se a queixa surtiu efeito daqui duas semanas, quando a filha voltar ao ensino presencial. “Agora, vai ficar duas semanas sem aula. O certo, já que reduziu a quantidade de aulas, era pelo menos fazer o horário normal”.
A secretária de Educação afirma que reclamações do tipo não chegaram até ela, mas que tudo está sendo avaliado. Além disso, afirma que a carga horária de trabalho dos professores continua a mesma. Por isso, caso algum pai tenha problema de incompatibilidade de horário, ele pode conversar com a escola para que o filho fique um pouco a mais. Na hora que “sobra”, educadores podem continuar atendendo os estudantes, segundo a secretária, para tirar uma dúvida, auxiliar com as tarefas, por exemplo.