Após um ano, Jorge Martins se demite e deixa comando da Santa Casa
“Fiz o impossível, mas milagre não tenho capacidade de fazer”
“Fiz o impossível, mas milagre não tenho capacidade de fazer”. A declaração é de Jorge Martins que deixa nesta quarta-feira, depois de um ano, o comando da junta interventora da Santa Casa.
A carta de seis páginas com o pedido de demissão foi encaminhada ao prefeito Nelsinho Trad (PMDB) há dois meses. “Fiquei aguardando 60 dias, mas não chegou ninguém”, relata.
Martins justifica que não pôde fazer em 11 meses o que não foi feito em seis anos de intervenção no hospital. “Nesse período, eu vi que a população, a mídia e os próprios gestores têm uma visão equivocada a respeito da Santa Casa. Essa visão que responsabiliza a Santa Casa desvia o foco da má gestão na saúde do Estado todo. Vem tudo para cá. Em vez de ser agradecida, por resolver os problemas, é atacada”, enfatiza Martins.
Na despedida, ele elogia o corpo clínico e funcionários do hospital. “O hospital funciona comigo ou sem mim. Funciona sem presidente, sem diretor. Sempre funcionou. Graças ao corpo clínico e aos funcionários”, afirma.
Jorge Martins revela que a gota d’água foi a visão equivocadas sobre o hospital, aliada às críticas quanto à gestão na Santa Casa. “Frutos de uma imensidão de desinformações, que nas bocas dos gritões de plantão soam como se fossem verdade”.
Neste último dia de trabalho, ele frisa que já se desligou do comando do hospital, mas pretende recepcionar o novo gestor, que ainda será indicado. “Para que não aconteça como aconteceu comigo. Quando entrei, o diretor geral do hospital tinha viajado para o Líbano e o meu antecessor não deixou uma folha de papel”, recorda. Antes de Martins, a junta interventora era presidida por Pedro Chaves.
Quanto ao futuro, Martins, que tem 67 anos e comandou secretarias no Estado e em Campo Grande, afirma que ainda avaliará o que vai fazer. De pronto, ele só afasta a possibilidade de disputar cargo em eleição. Martins foi vereador por oito anos.
Há anos, a Santa Casa vive no centro de denúncias de caos e sucateamento. Nesta quarta-feira, seria realizada uma audiência no MPT (Ministério Público do Trabalho) para assinatura de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), com proposta para resolver os problemas.
Porém, a reunião foi cancelada porque o governo do Estado, que também integra a administração do hospital, se nega a assinar o documento.