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Capital

Assassino alega que matou estudante após tentativa de relação sexual

Homem, de 27 anos, foi preso e confessou homicídio de garoto que estava sumido desde domingo, 5 de março

Dayene Paz | 09/03/2023 11:38
Railson durante interrogatório à Polícia Civil. (Foto: Reprodução)
Railson durante interrogatório à Polícia Civil. (Foto: Reprodução)

O morador de rua Railson de Melo Ponte, 27 anos, conhecido como "Maranhão", preso pelo assassinato do estudante de mestrado, Danilo Cezar de Jesus Santos, 29, em Campo Grande, confessou o crime. Ele alegou que agiu após a vítima tentar manter relação sexual. "Ninguém combinou programa", disse durante interrogatório à polícia.

Danilo saiu de uma festa no fim de semana e não foi mais visto. Foram feitas buscas pelos amigos e polícia, que terminaram com a localização do corpo dele, nesta quarta-feira (8), em uma vala, aos fundos de um terreno baldio na Rua Marechal Rondon, Centro da Capital. Ele foi morto asfixiado por um golpe mata-leão.

Natural do Maranhão, o suspeito foi preso enquanto cuidava carros no entorno da igreja Perpétuo Socorro, localizada na Avenida Afonso Pena, nesta quarta. Railson já tem histórico criminal, incluindo homicídio no estado de origem. Na delegacia, contou detalhes que antecederam a morte de Danilo, alegando que não tinha a intenção de matar.

Trajeto - Railson conta que na manhã de domingo (5) estava em frente à casa noturna, onde Danilo também estava. A vítima havia saído com amigos na noite anterior. A conversa começou entre os dois, quando, segundo o suspeito, Danilo teria comentado que queria drogas. "Era umas 7h e eu estava virado de droga. Uso de tudo, base, pó, maconha", afirma.

Ao ver interesse do rapaz, Railson disse que sabia onde podia encontrar entorpecente. Então, seguiu andando com Danilo até uma conveniência nas proximidades, que estava fechada. "Como não tinha ninguém, fomos para aquelas ruas de baixo", lembra.

Railson alega que ao chegar no local onde aconteceu o crime, um terreno baldio, Danilo estava com R$ 50 dele. "Ele falou que ia me fazer um Pix depois, porque eu tinha base e a gente queria mais droga", conta.

No terreno, na versão do suspeito, havia um homem fumando droga em uma vala aos fundos. "Fiquei fumando lá e ele queria ter relação sexual, queria fazer programa". Railson alega não ter gostado das investidas de Danilo. "Eu agarrei assim no pescoço dele, afastei ele para lá", mostrou ao delegado José Roberto de Oliveira. "Nisso a gente já tinha discutido, porque ele não achou meus R$ 50 e não queria dar o celular", completa.

Nesse momento, a terceira pessoa que estaria usando drogas no terreno já havia ido embora. Railson diz que quando pegou a vítima pelo pescoço, viu o celular. "Ninguém combinou de fazer programa. Pensei, vou desmaiar ele para pegar meu dinheiro, eu não queria matar, nem sabia que esse cara tinha morrido", alega.

Em seguida, aproveitando um momento em que a vítima virou de costas, Railson deu o golpe mata-leão. Depois, jogou o corpo em uma vala. "Só empurrei". Apesar de relatar em um primeiro momento que não teve relação sexual consentida com a vítima, Railson questionado mais uma vez, entra em contradição, afirmando que estava "virado" e não se recorda muito bem. "Que eu lembre não teve, mas eu estava dois dias amanhecido", diz.

Railson mostra como pegou a vítima, quando, supostamente, forçou ato sexual. (Foto: Reprodução)
Railson mostra como pegou a vítima, quando, supostamente, forçou ato sexual. (Foto: Reprodução)

Após o crime, Railson fugiu com o celular da vítima, mas ao perceber que se tratava de um iPhone, jogou no córrego.

A Polícia Civil pediu exames que irão comprovar se houve relação sexual entre vítima e autor. Danilo foi encontrado com a bermuda abaixada e tinha "lesões compatíveis de ato sexual", conforme a polícia. Railson confirma que os dois estavam com as bermudas abaixadas durante o crime.

Para a polícia, que pediu prisão preventiva do suspeito (por homicídio e roubo), ele agiu por motivo torpe pelo fato de a vítima ser homossexual.

O caso - Danilo estava em uma festa com amigos na noite de sábado (4). O rapaz teria ido até a casa noturna com outro grupo às 22h, saiu pela manhã e desde então não foi visto.

Na tarde de terça-feira (7), amigos montaram uma força-tarefa para encontrar o estudante. Eles saíram em frente à boate que o jovem esteve na noite que antecedeu o desaparecimento, localizada nas proximidades da Esplanada Ferroviária.

Segundo o delegado, após a notícia de desaparecimento, as investigações começaram. A informação era de que Danilo saiu acompanhado de um homem. "Vimos várias câmeras de segurança e ele estava com esse homem, mas chega um momento que esse suspeito está sozinho", comenta.

Foi então que na região onde o suspeito já não estava mais acompanhado de Danilo, a polícia começou diligências, que terminaram na localização do corpo na manhã desta quarta.

A polícia não acredita na versão de Railson. O delegado acentuou que havia pontos de venda nas proximidades, sem a necessidade de ir até o local onde o corpo do jovem foi encontrado. "A gente acredita que essa versão dele não condiz por diversas falhas. Vimos imagens de segurança de uma residência e pudemos confirmar que ambos entraram no terreno baldio, mas apenas o autor do crime saiu do local. Temos que ouvir mais testemunhas que viram Danilo e nos conte como foi o seu último passo", destacou.

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