Atraso de salário chega a 10 dias e coletores param de recolher lixo hospitalar
Com os salários atrasados há quase dez dias, os funcionários da Solurb voltaram a suspender nesta quinta-feira (17) a coleta que vinha sendo feita em hospitais e unidades de saúde em cumprimento a uma determinação judicial. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Asseio e Conservação, Wilson Gomes da Costa, afirma que os coletores estão revoltados com a situação e não houve quem os convencesse a ir para as ruas trabalhar.
“A Solurb não fala nada, não procura nem ao menos sentar em uma mesa para discutir possibilidades. Isso que está causando indignação na categoria. Chega em um momento em que você não consegue nem olhar para o coletor, que diz não ter condições de ir para o trabalho. Nós vamos falar o que?”, questiona.
Ele afirma que tem medo de possível punição, tendo em vista que há uma ordem para que um mínimo de operação seja executado na cidade, já que a coleta é um serviço essencial, mas diz não ter mais o que fazer. “É uma situação lamentável que está acontecendo”, reclama.
Luz no fim do túnel – A assessoria de imprensa da prefeitura afirma que um depósito judicial no valor de R$ 1,5 milhão foi realizado para pagar os salários dos trabalhadores. No entanto, o valor não deve ser suficiente para pagar os funcionários. Em nota, divulgada ontem, a Solurb informou que a folha soma R$ 2,7 milhões. Além disso, o gasto mensal é de R$ 650 mil com combustível.
O procurador geral do Município, Denir de Souza Nantes, também vai informar o juiz da 2ª Vara de Fazenda Pública de que a liminar não foi cumprida pela concessionária. Ele alegará que os empresários podem ser presos por ameaçar a saúde pública e parar serviços de interesse à população. Apesar de ter informado desde ontem que faria a representação na Justiça, a prefeitura não protocolou o pedido.
Imundície – Enquanto o município e a concessionária não entram em um acordo, montanhas de lixo continuam espalhadas pela cidade. Alguns moradores e empresários contrataram caminhões e alugaram caçambas para encaminhar os rejeitos para o aterro sanitário, enquanto a maioria, sem condições de fazê-lo, continua convivendo com o mau cheiro, proliferação de insetos e risco de doenças.
A greve começou no dia 8 de setembro. A companhia joga a culpa na prefeitura, dizendo que o último repasse feito à companhia foi referente aos serviços executados em maio, restando as coletas de junho, julho e agosto pendentes.
Enquanto isso, Bernal condena o movimento dizendo que o contrato prevê um prazo de 90 dias de atraso em qualquer parcela para que a suspensão no serviço seja justificada. O valor referente a junho, o mais atrasado, nesse caso, poderia ser quitado até o fim desse mês.
A Solurb contesta a alegação e diz que o prefeito está interpretando o artigo da forma como lhe convém e, em nota encaminhada ontem, o compara com as contas de água e luz, dizendo que se a população atrasa alguns dias já corre o risco de ter os fornecimentos suspensos.
Diante do impasse, o caso foi parar na Justiça, que emitiu liminares obrigando a concessionária a retomar os trabalhos pelo menos em hospitais e determinando, inclusive, o pagamento aos funcionários. Porém, a empresa entrou com recurso para tentar reverter a decisão e a greve continua.