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Capital

População não pode jogar lixo no aterro e rodovia tem "novo lixão"

Alan Diógenes | 15/09/2015 16:56
Sem conseguir entrar no Lixão, população descartou o lixo em frente ao aterro. (Foto: Simão Nogueira)
Sem conseguir entrar no Lixão, população descartou o lixo em frente ao aterro. (Foto: Simão Nogueira)

Após uma semana em que os funcionários da Solurb entraram em greve interrompendo a coleta de lixo, o que se vê em frente ao aterro sanitário da Capital, mais conhecido como Lixão, é um cenário caótico. Proibida de entrar no aterro, a população começou a jogar o lixo em frente e aos arredores, criando um novo lixão às margens do anel rodoviário. Para evitar a ação, que além de crime ambiental incomoda pelo forte cheiro, a Guarda Municipal faz plantão na entrada do local.

Conforme o representante da Guarda Municipal, Thiago Souza, ao todo foram mobilizados 25 homens, oito viaturas e quatro motocicletas. Eles estão no local para não deixar as pessoas jogarem o lixo no chão e também para manter a ordem pública. “Iremos ficar aqui até a chegada de uma liberação por parte da prefeitura para que as pessoas consigam entrar. Estamos orientando a população que o ato consiste em crime ambiental e muitos estão entendendo bem”, explicou.

O gerente de panificadora Manoel Barbosa, 49 anos, foi levar em uma caminhonete o lixo que acumulou no estabelecimento durante dois dias. A carroceria do veículo estava lotada de sacos pretos e ele disse que ainda falta trazer mais outra remessa de lixo acumulada há quatro dias.

“As lixeiras já estão transbordando lá na padaria. Cheguei aqui e não consegui entrar, me pediram para aguardar uma liberação da prefeitura e estou aguardando. Não sei de quem é a culpa sobre a greve, se é da prefeitura ou da Solurb, só sei que os funcionários também não podem ficar se receber”, comentou Manoel.

O engenheiro Carlos Henrique, 40, também foi barrado ao chegar na entrada do aterro sanitário. Ele trazia dezenas de sacos de lixo domiciliar no porta-malas do carro. “Não sabia que não podíamos entrar. Esse lixo está acumulado há uma semana lá em casa. A situação do Brasil repercutiu infelizmente em nossa cidade. A vontade que dá é de levar o lixo e deixar em frente da Solurb, mas também estaria transgredindo a lei”, mencionou revoltado.

Catadores também não podem entrar e ficam parados em frente ao aterro. (Foto: Simão Nogueira)
Catadores também não podem entrar e ficam parados em frente ao aterro. (Foto: Simão Nogueira)
Representante dos catadores disse que amanhã grupo vai entrar mesmo com proibição. (Foto: Simão Nogueira)
Representante dos catadores disse que amanhã grupo vai entrar mesmo com proibição. (Foto: Simão Nogueira)

Os catadores de recicláveis também estão sendo proibidos de entrar no aterro. Para o representante da categoria, Luiz Berrocal, 33, a decisão da empresa é contra a lei. “Em 2012 uma liminar da Justiça autorizou os catadores a trabalharem em qualquer local de descarte de lixo em Campo Grande, ou seja, eles não podem nos proibir de entrar. Também enxergamos o lado da população, vimos muitos pais de família chegar aqui com sacos de lixo e não poder descartar no Lixão, um absurdo para quem paga seus impostos”, destacou.

Os catadores chegaram a trabalhar com o lixo depositado em frente ao aterro sanitário, mas nesta terça-feira (15) foram proibidos pela Guarda Municipal. “Não podemos catar lá dentro e nem aqui fora porque os guardas enchem o saco, não sei para que tantos guardas aqui em um só lugar, sendo que a cidade inteira precisa deles. Isso aqui virou uma palhaçada”, afirmou o catador André Luiz, 37.

Outro catador, Ronaldo Leão, 29, informou que até mesmo caminhões da empresa chamada pela prefeitura para a coleta de forma emergencial, estão sendo proibidos de entrar. “Barraram até o caminhão da prefeitura, ou seja, se não tem lixo lá dentro, não tem o porque de entrarmos, mas então porque não deixam a gente trabalhar nesse lixo que está para o lado de fora do aterro”, concluiu.

A equipe do Campo Grande News procurou o representante da Solurb no local, mas o mesmo disse que não foi autorizado a falar com a imprensa. O advogado da empresa, Arnaldo Medeiros, informou que só vai se pronunciar assim que estiver terminado a defesa e que desconhece a proibição da entrada no aterro sanitário. A assessoria de comunicação da Solurb também não atendeu as ligações até a publicação desta matéria.

Lixo reciclável se misturou a lixo vindo de residências e restaurantes. (Foto: Simão Nogueira)
Lixo reciclável se misturou a lixo vindo de residências e restaurantes. (Foto: Simão Nogueira)

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