Bombeiros não aparecem e incêndio destrói seis barracos em favela
Um incêndio destruiu totalmente e parcialmente seis barracos na Favela Cidade de Deus, no Bairro Dom Antônio Barbosa, na saída para Sidrolândia. Apesar da gravidade, a ocorrência não foi atendida pelo Corpo de Bombeiros e moradores apelaram a um caminhão-pipa e baldes para apagar o fogo.
O fogo começou por volta das 10h desta quinta-feira (11) na Favela Cidade de Deus, onde, conforme informações repassadas à Justiça, vivem aproximadamente 800 famílias. Houve pânico e moradores recorreram a baldes de água e mangueira para combater as chamas. Um caminhão pipa, que passava na BR-262, ao lado do lixão, atendeu aos apelos das famílias e parou para ajudar os moradores.
Um barraco foi totalmente destruído pelo fogo. Segundo testemunhas, a residência era ocupada por três meninas.
O catador Nivaldo Pires da Silva, 57 anos, perdeu tudo no incêndio que destruiu o segundo barraco. Ele contou que só conseguiu salvar um colchão e o aparelho de televisão. O morador perdeu roupas, rádio, panelas, utensílios domésticos e outros pertences.
Outros quatro barracos foram parcialmente destruídos pelo fogo. A casa de uma enteada de Silva também foi atingida, mas os vizinhos salvaram geladeira e outros bens.
A maior revolta dos moradores era com o Corpo de Bombeiros, que não enviou nenhuma viatura para atender a ocorrência. Até às 10h50 de hoje, nenhum militar chegou ao local para apagar o fogo.
Segundo a catadora Vera Pereira, 46, este é o segundo incêndio que ocorre na favela. No primeiro, segundo ela, a corporação levou muito tempo para chegar ao local. A favela fica no anel rodoviário de Campo Grande, a cerca de 15 quilômetros do Centro da Capital.
A Favela Cidade de Deus é alvo de uma grande polêmica desde a semana passada, quando a Justiça determinou a reintegração de posse da área e o despejo das 800 famílias.
O MPE (Ministério Público Estadual) instaurou inquérito para investigar a ocupação irregular da área e alertou para o risco em decorrência das ligações clandestinas de energia. A Prefeitura conseguiu suspender a reintegração de posse após alegar que não há uma área para reacomodar as 800 famílias.