Bope quer aval da Justiça para usar tecnologia apreendida na Omertá
PM informa que bloqueadores de sinal de celular serão úteis em situação de crise
O Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) pede à Justiça a cedência de dois bloqueadores de sinal de celular apreendidos na operação Ormetá, que investiga organização criminosa e grupo de extermínio. Por parte do crime, os dispositivos são utilizados para obstrução de envio de sinais de tornozeleira eletrônica, utilizada no monitoramento dos presos.
Atualmente, o batalhão não conta com bloqueadores. De acordo com o comandante do Bope, tenente-coronel Wilmar Fernandes, os dispositivos serão úteis em situações de crise. No ofício encaminhado ao juiz da 1ª Vara Criminal de Campo Grande, Roberto Ferreira Filho, o comando da PM (Polícia Militar) especifica que o Bope atua no gerenciamento de situações de crise, que exige isolamento de local, inclusive de forma eletrônica.
O documento destaca que artefatos explosivos podem ser deflagrados a distância, de forma remota por meio de celular. Além dos protagonistas de situações de crise, como um sequestrador, que utilizam o aparelho para contato externo.
“Tal equipamento é de suma importância para a gestão das ocorrências críticas já citadas, e pode atuar como elemento facilitador no salvamento de vidas dentro do território sul-mato-grossense”, afirma o comandante da PM, coronel Waldir Ribeiro Acosta, no ofício encaminhado ao juiz.
O bloqueador emite sinais de alta intensidade para “poluir” a frequência de rádio usada pelo celular para receber dados da operadora. Os dispositivos foram apreendidos pelo Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assalto e Sequestros) em 19 de maio, junto com um arsenal escondido num imóvel no Jardim Monte Líbano, em Campo Grande.
O flagrante foi marcado pela prisão do então guarda municipal Marcelo Rios. No mês de setembro, as investigações, já com apoio do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado), resultaram na operação Omertá, que prendeu os empresários Jamil Name e Jamil Name Filho. Eles são apontados como líderes de organização criminosa, que também envolvia guardas municipais, policiais civis e um agente da PF (Polícia Federal).
Além das armas, que logo chamaram a atenção por incluir fuzil, modelo similar ao usado em execuções na cidade, foram encontrados dois bonés espiões. Por fora, apenas a marca poderia atrair interesse: BMW. Por dentro, dispositivo oculto de gravação de vídeo.