Buracos cobertos há dois meses ressurgem e expõem desperdício
Números da Prefeitura de Campo Grande revelam que, atualmente, o serviço de tapa-buracos na cidade custa ao menos R$ 1,5 milhão por mês. Se considerar que buraqueira tapada há poucos meses ressurge nas ruas, causando prejuízos aos motoristas, a prática expõe desperdício de verba pública ou, com o perdão do trocadilho, que o dinheiro do contribuinte está literalmente indo para o buraco.
A realidade é mesma tanto em bairros da região central quanto nos mais afastados. É fácil encontrar locais por onde passaram equipes de tapa-buracos recentemente e novas erosões surgiram.
Motoristas constantemente reclamam de vias recém recapeadas e que, no primeiro sinal de chuva, voltam a dar espaço aos buracos. Na tarde desta segunda-feira (5), três veículos tiveram pneu furado após cair em buracos na Rua Ministro João Arinos, no Bairro Chácara Cachoeira.
“Com essa chuva não dá para ver o buraco. Depois que eu caí, caíram todos (os motoristas que sguiam logo atrás)”, contou o estudante Walter Neto, 23 anos, que mora próximo ao local. Ele estima que há dois meses foi feito recapeamento da via.
O mesmo ocorreu com o gerente de operações, Rudnei Fernandes Nunes, 32 anos. “O serviço é muito mal feito e acredito que o material seja muito ruim. Agora, com esse tempo, tenho de trocar o pneu e vou chegar atrasado no trabalho”, disse. Entre o grupo que teve de perder alguns minutos embaixo de chuva para trocar o pneu também estava o empresário Otiniel Rodrigues Silva, 40 anos, “este é o segundo pneu rasgado em menos de três meses”, reclamou.
Perto dali na Rua Raul Pires Barbosa esquina com Antônio Augusto Mira, mais buracos. Vagner dos Santos, 32 anos, trabalha bem na frente e disse que houve recapeamento faz pouco tempo, mas que “infelizmente os buracos retornam”.
Ele é mais um que acredita na soma do serviço e material ruins. A questão, para ele, é a inconveniência que isso causa. “Já vi gente caindo de moto, carro batendo a roda”, contou.
Situação que se repete também em bairros mais distantes do centro da cidade. No Aero Rancho, por exemplo, quem trafega pela Rua Santa Quitéria também passa maus bocados. “É muito buraco, já vi acidente, eu já tive de jogar pedra dentro do buraco, porque quando chove os carros passam e a água espirra na gente. É bem difícil e não deveria ser assim, porque recém recapearam”, disse o vendedor Rubens Jerônimo da Silva, 33 anos.
Segundo a Prefeitura de Campo Grande, o asfalto das ruas citadas é muito antigo e os buracos em questão não se tratam de erosões já recapeadas e sim de novas. A explicação dos engenheiros do município é que o asfalto nesse tipo de situação fica cheio de rachaduras e, quando chove, isso favorece o surgimento de novos buracos. Ainda segundo a fonte oficial, não há projetos para reestruturação asfáltica nas vias citadas pela reportagem.
Técnica – A técnica usada para o recapeamento da Rua Ministro João Arinos chamou a atenção da empresária Liana Cabral, 63 anos. “Os profissionais jogaram o material no buraco pisaram em cima e foram embora”, conta.
A técnica já foi relatada pelo Campo Grande News em julho deste ano, quando o serviço de tapa-buraco foi feito na região do Carandá Bosque. À época a Prefeitura informou que se tratava de novidade para gerar mais rapidez no processo.
Na tarde desta segunda-feira (5), a prefeitura confirmou que se trata do uso de massa fria em pequenas erosões, dispensando a necessidade de grande equipe e uso de rolo compressor para compactá-la nos buracos, agilizando o trabalho.