Cafezinho no balcão de padaria vira saudade, mas “índice chipa” segue em alta
“Em 35 anos, nunca passei por isso”, diz o proprietário da panificadora Monte Líbano
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Primeiro dia das novas medidas restritivas para conter o avanço da covid-19, o sábado foi de saudosismo na padaria Monte Líbano em Campo Grande. Há mais de três décadas, o estabelecimento nunca deixou de servir o cafezinho no balcão para a clientela. “Em 35 anos, nunca passei por isso”, diz o proprietário Hélio Carlos Nantes, 75 anos.
A padaria segue de portas abertas, mas é proibido o consumo no local e, inclusive, todas as cadeiras e mesas foram bloqueadas. Num dia em que todas as compras são “para viagem”, o empresário não esconde a preocupação com o futuro do empreendimento.
“O mês de abril já foi um desastre de faturamento, com queda de 30%. Agora, foi de 20%. Mas também não queria estar na pele do prefeito, qualquer coisa que fizer, vai apanhar”, diz Hélio.
Com a pandemia, ele mesmo se vê em situação delicada, quando precisa dialogar até conscientizar o cliente que ele deve usar a máscara. “Tenho que conversar sem criar nenhum alarde”, afirma.
O empresário conta que suspendeu o contrato de trabalho de dez funcionários e outros dois estão de férias. “Do jeito que está, aguento só até dezembro”, diz.
No Jardim dos Estados, a padaria Pão e Tal registrou venda acima do esperado neste sábado. Por lá, o termômetro é o “índice chipa”, a iguaria presente no café da manhã de muitos campo-grandenses.
De acordo com Isabela Silveira, do setor de marketing da padaria, foram vendidas 105 chipas até às 8h de hoje. Enquanto o normal é vender igual quantidade durante todo o dia.
“Muita gente liga, pergunta se estamos abertos. Alguns chegam de carro, pedem e levamos os produtos e a maquininha do cartão”, afirma. A padaria também reforçou as entregas por delivery.
O local está aberto, mas com mesas e assentos interditados. O cliente entra por uma porta, faz as compras, chega ao caixa e sai por outra.
Jairo Correa, 82 anos, afirma que aprova as medidas mais severas. “Está certo, tem que fazer o possível mesmo para que mais gente possa ficar curada”.
Neste fim de semana, o setor de alimentação (supermercado, padaria, açougue, barraca de hortifrúti em feiram peixaria) pode funcionar até às 20 horas. Mas com 30% da capacidade e sem consumo no local.