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Capital

Calor intenso prejudica produção de hortaliças: “Esse ano foi atípico”

Desde que a primavera começou, no dia 23 de setembro, uma forte onda de calor tomou conta do Brasil

Por Viviane Oliveira | 15/11/2023 11:27
Jair mostra os poucos pés de alface que sobreviveram. "Ela queima com o sol". (Foto: Viviane Oliveira)
Jair mostra os poucos pés de alface que sobreviveram. "Ela queima com o sol". (Foto: Viviane Oliveira)

O calor extremo dos últimos dias tem consequência direta na produção e venda de hortaliças em Campo Grande. Os produtores têm notado os impactos, especialmente no cultivo de algumas folhagens.“Foi um ano atípico”, disse Jair Azambuja, de 41 anos. Ele perdeu quase uma plantação inteira de alface americana queimada pelo sol. Toda a quarta-feira, o produtor expõe para a venda os produtos na Feira de Orgânicos, na Praça do Rádio Clube, na Avenida Afonso Pena.

Desde que a primavera começou, no dia 23 de setembro, uma forte onda de calor tomou conta do Brasil. Mato Grosso do Sul é um dos epicentros do fenômeno e já teve Água Clara e Porto Murtinho, além de Corumbá, no topo do “ranking de calor”. O fato está relacionado ao El Ñino e ao aquecimento global, podendo se prolongar até abril de 2024.

Segundo Jair, o calorão é natural para a época, mas esse ano foi atípico. “É um calor seco, sem umidade. A chuva demora a vir e quando vem não é suficiente. Tivemos que começar a diminuir a plantação de hortaliças, o que desabasteceu o mercado antes da hora”, lamentou.

Feira orgânica que acontece todas as quarta-feira na Praça do Rádio (Foto: Viviane Oliveira) 
Feira orgânica que acontece todas as quarta-feira na Praça do Rádio (Foto: Viviane Oliveira)

Outra questão levantada pelo produtor é que baixou o nível da água e subiu a energia. Mesmo que os valores do produto sejam repassados ao cliente, os prejuízos são muitos. Além da plantação de alface, Jair cita que a manga, por exemplo, amadureceu antes do tempo, situação que fez a fruta perder o sabor. Já a acerola sequer conseguiu se desenvolver por causa do mormaço quente. “A gente não estava com o psicológico preparado. Esse calor pegou os produtores de surpresa”, afirmou. Ele administra 1 hectare de horta.

Para o ano que vem, Jair disse que pretende instalar sombreamento para evitar situações semelhantes. “Vou plantar outro tipo de alface também, que tem mais facilidade para sobreviver a situações climáticas. “A gente vai ter que se adequar”, afirmou.

Edson, morador de Ribas de Rio Pardo, mostrando os produtos durante a feira (Foto: Viviane Oliveira) 
Edson, morador de Ribas de Rio Pardo, mostrando os produtos durante a feira (Foto: Viviane Oliveira)

Segundo o morador de Ribas do Rio Pardo, Edson Matos, de 63 anos, que faz feira orgânica na Capital e vende os produtos para a empresa Suzano Papel e Celulose, por causa do calor tem que regar as hortaliças quatro vezes ao dia, em dias normais são duas. “Como o cano fica exposto no solo, a água já chega quente e queima a raiz, o que prejudica muito as folhagens. Esse ano foi diferente, a gente não teve frio”, destacou.

Edson explicou que o calor excessivo faz com que a planta acelere o metabolismo e não tenha uma distribuição dos nutrientes de maneira uniforme. “A planta não se desenvolve. A gente acaba entregando um produto com menos qualidade e mais caro. Eu vendia o pé de alface por R$ 1 e agora está saindo por R$ 5. O jiló, por exemplo, era vendido por R$ 3, R$ 4, agora está saindo R$ 8 o pacotinho. "Ainda bem que o cliente já sabe dos efeitos climáticos e não reclama do produto", afirmou.

Vanderlei mostra as cenouras que não se desenvolveram de forma correta (Foto: Viviane Oliveira)
Vanderlei mostra as cenouras que não se desenvolveram de forma correta (Foto: Viviane Oliveira)

De Terenos, Vanderlei Azambuja Fernandes, disse que os quatro eclipses desse ano, 2 lunares e 2 solares, além da onda de calor, prejudicaram muito quem tem horta. "Esses fenômenos queimam a planta, que não faz a fotossíntese e não se desenvolve. Isso interfere muito no crescimento das hortaliças. O alho, a cebola, a beterraba e a banana não se desenvolveram de forma correta", explicou.

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