Capital fica embaixo d’água em dia que choveu 60% do esperado no mês
Aguaceiro, até o início da noite, somou 104,7 milímetros; terça-feira teve resgates, alagamentos e prejuízos pela cidade
Os mais de 100 milímetros de chuva que caíram sobre Campo Grande nesta terça-feira (26) foram suficientes para fazer a população, mais uma vez, conviver com os efeitos de alagamentos e enxurradas em diferentes regiões da cidade. Pelo menos duas pessoas precisaram ser resgatadas de veículos ilhados em meio às águas. Imediações da Via Parque e as Avenidas Fernando Corrêa da Costa e da Ernesto Geisel ficaram submersas.
Conforme informações coletadas pelo meteorologista Natálio Abrão, até as 18h, a chuva totalizou 104,7 milímetros em Campo Grande apenas nesta terça-feira. O volume equivale a quase 60% de toda a média histórica para o mês, de 171,4 milímetros. Porém, fevereiro já acumula 358,1 milímetros de chuvas, ou mais que o dobro do esperado para o período.
A chuva começou a atingir o sul da zona urbana da Capital de forma tímida, por volta das 8h, resultado de uma frente fria que chegou ao Estado na noite anterior e ainda avança pelo território. Pouco depois das 10h, ela se tornou mais intensa –assim permanecendo por um período entre três e quatro horas.
Os problemas pela cidade não tardaram a acontecer. Veículos ficaram ilhados em diferentes locais, como nas Avenidas Euler de Azevedo, Ernesto Geisel, Nelly Martins (Via Parque, onde quatro carros boiaram e precisaram de ajuda para serem removidos) e na Ministro João Arinos –que dá acesso à BR-262 e ao bairro Maria Aparecida Pedrossian, onde os alagamentos surpreenderam, principalmente sob o viaduto da BR-163.
Resgates – No cruzamento da Ernesto Geisel com a Avenida Rachid Neder, onde veículos ficaram presos no tráfego diante da impossibilidade de seguirem pela via alagada, um idoso de 81 anos precisou ser resgatado. Lá, carros e motos também foram arrastados pelas águas.
A alguns metros dali, na rotatória da Ernesto Geisel com a Euler de Azevedo, mãe e filho precisaram ser retirados de um Hyundai HB20. O resgate foi realizado pelos sargentos Rodson da Cruz e Rodnei, da Polícia Militar. Um pouco antes, no mesmo local, outra mulher precisou abandonar o veículo em meio ao alagamento.
Populares também ajudaram no socorro a ocupantes de veículos na Avenida Ricardo Brandão (prolongamento da Avenida Fernando Corrêa da Costa, entre a Joaquim Murtinho e a Câmara Municipal). No cruzamento com a Rua Rio Grande do Sul, um grupo fez uma corrente humana para retirar ocupantes de um carro que havia ficado preso na enchente.
Mais à frente, próximo à Rua Bahia, três pessoas ajudaram a ocupante de um Fiat Uno a deixar o veículo. Na região, ocorreram algumas das cenas mais impressionantes da chuvarada, com o Córrego Prosa transbordando e se aproximando do estacionamento de um supermercado no cruzamento com a Joaquim Murtinho.
Aguaceiro – A extensão dos Córregos Prosa e Sóter (este tributário do primeiro) ficou totalmente embaixo d’água durante o temporal, incluindo os arredores do Parque das Nações Indígenas (onde o lago também subiu de nível). Móveis expostos por um vendedor também foram levados.
Os alagamentos na Ernesto Geisel também deixaram um rastro de destruição. A rotatória da Rachid Neder voltou ter o asfalto arrancado, demandando serviços emergenciais da Prefeitura de Campo Grande –o prefeito Marquinhos Trad (PSD) informou que 140 pessoas foram mobilizadas em uma força-tarefa para efetuar a limpeza e reparos emergenciais na cidade.
O Córrego Segredo e o Rio Anhanduí, que são margeados pela Ernesto Geisel, tiveram pontos de transbordamento no Cabreúva (Rua Santos Dumont) e no Taquarussu, próximo ao Norte-Sul Plaza. Ali, peixes foram parar no asfalto e chamaram a atenção de quem passava, já quando a chuva caía com menor intensidade.
Também houve alagamentos em ruas do Tiradentes, São Lourenço e do Jardim Itatiaia, bairros próximos, bem como no Jardim Paradiso (região do acesso à UCDB) e na região da Avenida Tamandaré, onde violentas enxurradas danificaram o asfalto. No Centro, um prédio da Sefaz (Secretaria de Estado de Fazenda) teve o telhado arrancado em meio a ventania.
A Energisa registrou até as 15h, 15,2 mil descargas elétricas pela cidade. A chuva também atingiu a rede elétrica, com cerca de 800 solicitações de serviços até o mesmo horário (duas vezes mais que o normal). O maior número de problemas se concentrou em bairros da região sul e no Coronel Antonino (norte). Esperava-se, até o início da noite, resolver a maior parte dos pedidos encaminhados à empresa.
O mau tempo foi resultado, conforme o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), da travessia de uma frente fria pelo Estado. A quarta-feira (27) ainda deve ter o clima influenciado pelo fenômeno, com possibilidade de chuvas e trovoadas isoladas. A Defesa Civil emitiu alerta sobre acúmulo de chuvas e iminentes alagamentos em praticamente todo o Estado, com chance de deslizamentos em regiões de encosta. Espera-se melhora no clima a partir de quinta-feira (28).
Confira abaixo vídeo com registros da chuva que castigou Campo Grande nesta terça-feira: