Cercados por alto índice de casos, 12 bairros ainda são "ilhas" sem dengue
Mapa aponta que sete bairros de Campo Grande começaram o ano com número de notificação de dengue muito alta
Mesmo cercados por lugares com alto índice de notificação de dengue, como Portal Caiobá, Tijuca, Aero Rancho e Centenário, o Jardim Batistão, na região sul de Campo Grande, começou o ano de 2020 na lista de bairros sem nenhum caso registrado da doença. É uma das "ilhas" ainda fora da curva em tempos de risco epidemia.
De acordo com o mapeamento, com dados epidemiológicos da primeira semana de janeiro, outros 12 bairros na região central e norte não tiveram registros da doença nos primeiros sete dias do mês, entre eles Monte Líbado, Chácara Cachoeira, Monte Castelo e Estrela Dalva.
O pequeno bairro que fica a cerca de 10 quilômetros de distância do Centro, tem casas em construção e imóveis fechados. Mas apesar dos fatores que podem dificultar a vistoria e eliminação de focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e zika, quem mora na região assegura que a fiscalização é periódica.
A vendedora Mariluce Chaves, de 50 anos, mora no bairro há 10 anos e nunca pegou dengue neste período. A única vez que teve a doença foi antes de se mudar, quando ainda morava no Bairro Coophavilla.
"Tenho medo quando tem algum surto da doença porque a última vez que tive, há mais de 10 anos foi muito forte e foi em uma época que não tinha a obrigatoriedade de ir para o posto fazer o acompanhamento", lembra.
Ela ainda conta que assim como ela, os familiares como esposo e filhos já tiveram dengue, mas em nenhum dos casos pegou a doença no Jardim Batistão. "Nunca ouvi falar de algum vizinho ou conhecido que teve dengue aqui no bairro", aponta.
O borracheiro, Cristian Lucas Lopes, de 22 anos, trabalha e mora no bairro há dois anos e quatro meses e também elogia o combate ao mosquito na região. "Os agentes de endemias passam regularmente aqui: toda semana, certinho", afirma. "Se a gente deixa sujo, ainda tomamos um ralo", brinca.
Por trabalhar em um ambiente que facilita a proliferação do mosquito, a preocupação é dobrada. Ele explica que os pneus que não têm mais utilidade recolhidos toda semana por uma pessoa que levam a matéria para reciclagem. Somente nesta semana, ele comprova que foram retirados 46 pneus da borracharia.
Já o comerciante Paulo Lopes, de 34 anos, mora no Leblon e trabalha no Jardim Batistão. Ele conta que ficou sabendo possibilidade da doença. Segundo o comerciante, a mulher que mora no mesmo terreno da loja está com suspeita de dengue.
Ele reclama da sujeira acumulada no terreno. "Tenho a loja há um ano e no fundo do terreno tem uma casa e uma garagem. Antes morava uma senhora, depois que ela se mudou o terreno ficou fechado por dois meses e agora tem essa família", contou.
Ele explica que o trabalho de vistoria é constante na região, mas nem sempre é feito no terreno porque muitas vezes está fechado e sem ninguém em casa. Segundo levantamento da Prefeitura os agentes de endemia não conseguem ter acesso a cerca de 20% dos imóveis fechados e 80% dos focos ficam em residências.
Alto índice - O mapa ainda aponta que sete bairros de Campo Grande começaram o ano com número de notificação de dengue muito alta. Entre eles o bairro Nova Campo Grande, onde foi registrada a primeira morte por dengue em Campo Grande.
Boletim - Nos primeiro 21 dias de janeiro, segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Sesau (Secretária Municipal de Saúde Pública), 974 casos de dengue foram registrados.