Chefe do HU recebia por plantões mesmo quando viajava, revela CGU
O médico ortopedista Claudio Wanderley Luz Saab, do HU (Hospital Universitário) de Campo Grande, recebeu adicionais de plantões em dias em que, na verdade, estava viajando a trabalho, já com o aporte de diárias. A constatação está em relatórios de auditoria feita pela CGU (Controladoria-Geral da União) na unidade entre 2015 e 2016.
De acordo com o documento, em cinco oportunidades, Saab, que era superintendente da unidade hospitalar na época, fez viagens a trabalho para São Paulo e Brasília, recebendo diárias pagas pelo Governo.
No entanto, nos mesmos cinco dias das viagens, o médico recebeu um acréscimo diário de R$ 678 no salário, como se estivesse cumprindo plantão no hospital.
As viagens foram em 18 de agosto de 2015, 16 de fevereiro, 5 e 26 de abril, 10 de maio e 18 de agosto de 2016. Com isso, os adicionais recebidos pelo médico somaram R$ 4.068.
Em visita ao hospital, os técnicos vistoriaram as escalas de trabalho e de APH (Adicional de Plantão Hospitalar), a folha de frequência, e as informações referentes a férias, licenças e diárias dos servidores da Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).
Como resultado das vistorias, a CGU constatou que houve pagamento de plantão hospitalar sem a devida prestação de serviços, pois o servidor recebeu nas mesmas datas o adicional de plantão hospitalar e diárias para viagem a serviço.
No relatório da CGU, o servidor não é citado nominalmente, apenas pelo número do Siape (Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos). Consta no relatório que ele devolveu o dinheiro assim que a irregularidade foi identificada.
Falhas de controle – Além dos benefícios duplicados, o relatório também aponta que há indícios de que o servidor tenha recebido o montante de R$ 10,8 mil por plantões, sem que tenha trabalhado.
De acordo o documento, o médico estaria escalado para plantões todas as terças-feiras, de janeiro a maio de 2016. No entanto, os fiscais não localizaram nenhum indício de que ele realmente tenha feito atendimentos a pacientes ou ido ao trabalho nas referidas datas.
Conforme a CGU, as constatações indicam a fragilidade nos registros de controle de pessoal e
alimentação do sistema de registro de adicionais de plantão do hospital, que paga os benefícios, sem que haja comprovação do trabalho prestado.
Com base nas falhas encontradas,a CGU recomendou que seja instaurado um procedimento para a apurar a responsabilidade do médico em relação a conduta adotada para o recebimento indevido do adicional.
O HU, por sua vez, afirmou que já fez mudanças no controle do plantão. "Atualmente há um controle de checagem e contra-checagem, o que não ocorria antes. Há colaboradores que montam as escalas de plantão, outros colaboradores homologam e outros fiscalizam, para evitar qualquer pagamento indevido", explicou.
O Campo Grande News não conseguiu contato com o médico Claudio Wanderley Luz Saab.