Contra a corrupção, manifestação leva 8 mil pessoas para a Afonso Pena
Milhares de manifestantes foram à avenida Afonso Pena na tarde deste domingo (4) em Campo Grande protestar contra a corrupção no país e se posicionar a favor da operação Lava Jato. O ato foi realizado em todo o país em resposta a aprovação pela Câmara Federal de medidas tidas como retaliação ao judiciária e ao Ministério Público.
Conforme a organização na Capital, 8 mil pessoas participaram do evento até seu encerramento, por volta das 18h, em frente a sede do MPF (Ministério Público Federal), no cruzamento com a rua Alagoas - Jardim dos Estados.
A caminhada se iniciou na praça do Rádio Clube, onde foi realizada uma pequena homenagem às vítimas do voo que levava atletas, comissão técnica, dirigentes e imprensa à Medellín (COL), na terça-feira (29). Iniciada com 200 pessoas, o protesto foi ganhando corpo conforme subia Afonso Pena.
Como de praxe, foram usados faixas e cartazes, além de roupas de cores verde e amarelo pelos manifestantes. Os principais alvo do protesto foram o presidente do Senado e da Câmara, Renan Calheiros (PMDB-AL) e Rodrigo Maia (DEM-RJ), que teriam acelerado o ritmo de tramitação na Câmara do projeto que prevê punições para juízes e promotores.
"1,2,3 Renan no xadrez" foi uma das frases puxadas pelas pessoas que seguiam dois trio elétricos. Em contraponto, o juiz federal do Paraná, Sérgio Moro, foi considerado, inclusive, intocável por alguns manifestantes, como Fabrícia Talles, professora universitária de 54 anos, uma das organizadoras e representante do Movimento Nas Ruas.
"Quem estiver no caminho do Sérgio Moro, nós vamos passar como um trator. Ele é intocável", frisa Fabrícia, que reforça o objetivo da manifestação em defender a Lava Jato, Moro e ir contra a corrupção no Brasil.
Outro manifestante na caminhada foi o engenheiro civil Luciano Rufato, de 44. Ele acompanhou todo o protesto e diz que, apesar de esperar mais de 10 mil pessoas, sente que os campo-grandenses conseguiram também fazer sua parte diante das manifestações realizadas pelo país.
"A população ainda está muito acomoda, não se conscientizou do poder da pressão popular. Ela [a pressão popular nas ruas] é o inimigo do político e da corrupção", comenta o engenheiro ao final do protesto, encerrado com o canto do Hino Nacional.
Entre os participantes, também há pessoas com opiniões mais polêmicas e que remetem a um período pré 1964, quando os militares assumiram o poder para realizar uma transição, mas acabaram ficando por mais de 20 anos.
"Me senti bem hoje, muito feliz. Mas vou me sentir melhor ainda quando as manifestações tiverem a participação do Exército. Acredito que o correto agora seria o Exército retirar esses corruptos do poder, até a próxima eleição [que deve ser realizada em 2018]", explica a professora aposentada Hetie Santana.
Ela ainda diz que nem o presidente Michel Temer (PMDB) deve ser poupado e argumenta que a proposta dela não seria um golpe militar, como a foi classificado posteriormente a ação das Forças Armadas em 1964, mas sim uma intervenção institucional.