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Capital

Cruzamento é "roleta-russa" de tão perigoso e precisa de semáforo

Duas pessoas morreram depois de acidente na entrada do Bairro Maria Aparecida, na BR-262

Lucia Morel e Mirian Machado | 14/11/2021 10:48
Moradores em protesto na BR-262. (Foto: Paulo Francis)
Moradores em protesto na BR-262. (Foto: Paulo Francis)

Protesto de moradores de bairros na saída para Três Lagoas pede sinalização adequada em cruzamento considerado um verdadeira “roleta-russa” na BR-262 com a Rua Manoel de Oliveira Gomes, que dá acesso a cinco bairros da região. No mesmo local, mas do outro lado da rodovia, fica o Bairro Jardim Noroeste, também populoso.

Duas pessoas morreram em acidente que ocorreu lá no dia 5 de novembro, mas as mortes ocorreram dias depois. O idoso Jary Ramos de Souza, 83 anos, e o motociclista Alceu Sanfelice, de 29, morreram na Santa Casa, nas datas de 10 e 11 de novembro, respectivamente.

Irmã do motociclista, Natália Sanfelice, 31 anos, acredita que se o propósito da morte do irmão for salvar vidas, contribuindo com a ação de mais sinalização no cruzamento, “que seja”. Para ela, que estava acompanhada dos pais, da esposa do irmão e do filho dele, de 3 anos, “tudo tem um propósito” e que as mortes sirvam para que haja uma solução para o local.

Ela também comentou, assim como a nora do idoso, Maria de Lurdes Silva de Souza, 49 anos, que o quebra-molas existente pouco antes do cruzamento já está muito desgastado e não oferece mais nenhuma segurança, já que os veículos não reduzem a velocidade ao passarem por ele.

“Não tem sinalização, não tem faixa de pedestre, não tem redutor de velocidade. Só um semáforo vai resolver”, afirmou Maria de Lurdes, lembrando que o sogro era ativo, fazia caminhadas diárias entre 5 km e 10 km e que era independente e lúcido.

Jary teve uma primeira avaliação positiva no dia do acidente, aparentando estar menos grave que Alceu. No entanto, no hospital, descobriram um traumatismo craniano, ao qual não resistiu. “Ele era muito saudável, não pegava nem gripe”, disse a nora.

Para Natália, a lembrança é de um irmão brincalhão, amoroso e querido por todos. “Era de um coração gigante. Amigos de longe vieram pro velório, teve mais de 80 pessoas”, comentou.

Revolta – Moradora da região, Juliana Galeano, 42 anos, afirma que acidentes ocorrem com frequência por lá e que não há o que pare os veículos. Mesmo assim, o local tem paradas de ônibus e é área de acesso para escolas dos dois lados da pista, obrigando a travessia, feita correndo.

A bibliotecária Maria de Fatima Souza Dias, 57 anos é um exemplo. Ela mora no Bairro Serraville, ao lado do Jardim Noroeste, mas trabalha na Escola Municipal Celina Martins Jallad, no Maria Aparecida Pedrossian. Todos os dias, ela pega um ônibus, que para de um lado da rodovia, atravessa a pista da BR-262 e pega outro coletivo até o colégio.

Tem que ser rápido, correndo. Eu passei um sufoco esses dias e até fui xingada. Mas não tem o que fazer, não tem sinalização. E ainda temos que ficar de olho no canteiro, porque os motociclistas cortam caminho por ele”, lamentou.

Também morador da região, Maurício do Prado Lima, 46 anos, contou que sofreu acidente no local com o filho dele em 2006, na época, com 4 anos de idade. Ele estava de bicicleta com a criança na garupa, quando foi atravessar a rodovia, que na época, dividia apenas uma pista em duas.

“O carro não seguiu até onde havia o retorno, ele fez o balão onde não devia e nos atingiu”, lembra, relatando que atualmente o cruzamento é uma “roleta-russa” de tão perigoso e que com o aumento no fluxo de veículos, com mais bairros e moradores, além de fechamento de uma das vias que dava saída pra região, no Bairro Oiti. “Já testemunhei até morte por aqui”, lamentou.

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