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Capital

Defesa de Name recorre a escritores para tentar convencer magistrados

Desembargadores, porém, mantiveram a prisão de Name, do filho e de dois policiais civis

Marta Ferreira e Geisy Garnes | 15/10/2019 17:11
O advogado Renê Siufi deixa a casa de Jamil Name no dia da prisão. (Foto:  Henrique Kawaminami)
O advogado Renê Siufi deixa a casa de Jamil Name no dia da prisão. (Foto: Henrique Kawaminami)

O criminalista Renê Siufi recorreu nesta tarde à literatura para tentar convencer desembargadores do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) a colocar seu cliente Jamil Name, 80 anos, em liberdade, junto com Jamil Name Filho, 42 anos, e os policiais civis Vladenilson Olmedo, 60 anos, e Márcio Cavalcanti, 63 anos, todos alvos da Operação Omertà, deflagrada no dia 27 de setembro. Siufi citou dois escritores com frases bastante usadas no Direito, o francês François Andrieux e o colombiano Gabriel Garcia Marquez.

Com Garcia Marquez, o defensor encerrou sua fala durante o julgamento do habeas corpus na 2ª Câmara Criminal do TJMS, dizendo que está se assistindo a “Crônica de uma morte anunciada”, nome do livro do colombiano de 1981, relatando o último dia do personagem Santiago Nasar, assassinado por dois irmãos. Para ele, Jamil Name está sendo alvo de uma prisão “absurda”, em razão de sua idade e condições de saúde. Afirma, por exemplo, que o cliente precisa de ajuda até para tomar banho.

O escritor francês foi lembrado, no início da sustentação oral de Siufi, com a máxima “ainda há juízes em Berlim”, cunhada em conto sobre a disputa por um terreno entre um moleiro e o kaiser russo, no século 18. Na história, a personagem diz confiar piamente nos juízes de então na batalha contra o poderoso comandante da Rússia.

Para o advogado, a comparação cabe no caso de seus clientes, entre os quais destaca Jamil Name. Diz que além da idade avançada, tem diabetes em nível severo.

Siufi questiona um dos argumentos para manter a prisão e, ainda, enviar Name, o filho e dos dois policiais representados por ele ao presídio federal. De acordo com ele, não conseguiu até agora saber o que existe de fato sobre o plano de ataque ao delegado Fábio Peró e quando tentou, foi informado de ser tudo sigiloso. “Isso é absurdo”. Na visão dele, a defesa não conhece nem a acusação que paira contra os investigados.

Recurso – Siufi afirmou que vai recorrer até o Supremo Tribunal Federal para tirar o cliente da prisão. Reclamou das condições às quais os quatro representados serão envolvidos, “uma cela sem ventilação, sem banho de sol, onde o advogado só pode falar com o cliente com horários agendado”, diz.

O criminalista já tentou habeas corpus para Jamil Name, Jamilzinho, Vladenilson e Márcio no Superior Tribunal de Justiça. A liminar foi negada sob o argumento de que o Tribunal de Justiça ainda não havia decidido sobre o tema, o que aconteceu hoje.

Sobre as acusações contra os envolvidos na Operação Omertà, os quatro clientes de Siufi alegaram à Justiça serem "inverídicas e descabidas", em resposta por escrito ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado)

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