ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, QUINTA  14    CAMPO GRANDE 28º

Capital

Demora no registro de briga perto de escola impediu resgate de imagens

Câmaras de monitoramento perderam as imagens do dia do acontecido

Bruna Pasche | 08/12/2018 11:25
Gabrielly passou por cirurgia e não resistiu a quatro paradas cardiorrespiratórias. (Foto: Arquivo pessoal)
Gabrielly passou por cirurgia e não resistiu a quatro paradas cardiorrespiratórias. (Foto: Arquivo pessoal)

A demora no registro do boletim de ocorrência sobre a briga envolvendo estudantes da escola Lino Villachá, no bairro Nova Lima, entre elas Gabrielly Ximenes de Souza, de 10 anos, que acabou morrendo uma semana depois, impediu o resgate das imagens de câmeras de segurança sobre o que de fato teria acontecido. A confusão foi no dia 30 de novembro, mas o caso só chegou à polícia no dia 6, quando a menina faleceu, na Santa Casa de Campo Grande. 

De acordo com a delegada da Deaij (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude), responsável pelo caso, Fernanda Mendes, após o registro da ocorrência os investigadores foram até as ruas Jerônimo de Albuquerque com a Bertolino Cândido, onde a briga aconteceu para tentar recuperar imagens, mas não encontraram. “Como eles demoraram a registrar o boletim de ocorrência, quando fomos até o local, não conseguimos as imagens, as câmeras já tinham perdido os registros do dia”, explicou a delegada.

Inicialmente, a informação é de que a briga teria envolvido a menina, uma colega de sala de aula dela, da mesma idade, e outras adolescentes, de 13 anos. Depois de ouvir os depoimentos, a delegada concluiu que uma menina de 9 anos agrediu Gabrielly, com a mochila.

À espera dos laudos, como o de necropsia, Fernanda Félix disse que, pelas circunstâncias, é "impossível" afirmar que os golpes de mochila tenham provocado a morte, por si só. A suspeita é de que a criança tenha alguma doença anterior. Todo o histórico médico vai ser avaliado. A reportagem do Campo Grande News apurou que a última vez que a menina foi atendida na rede pública foi em 10 de junho.

Tristeza - A família nega que a menina tivesse alguma enfermidade. O pai, Carlos Roberto, afirma que a menina não recebeu o atendimento adequado, pois foi levada à Santa Casa de Campo Grande no dia 30 e acabou liberada. De volta no dia 4, ela ficou internada, passou por cirurgia, mas teve uma tromboembolia e acabou morrendo em razão de paradas cardiorrespiratórias.

Nos arredores da escola, onde estudam mil estudantes, o clima é de tristeza e dúvidas. O vendedor de uma farmácia vizinha ao estabelecimento, de 35 anos, contou que não viu o momento da briga, mas que conhecia Gabrielly e sua família. Ele acredita em erro médico.

“Eu não vi o que aconteceu no dia, mas ela sempre vinha aqui com a mãe, era um amor de menina muito simpática”, disse. Ele relatou ainda que no final de semana, a menina foi até a farmácia com a mãe atrás de medicamentos para a dor.

“Ela disse que estava sentindo uma fisgada na virilha, que parecia um nervo e a mãe queria remédio, mas disse para elas retornarem ao hospital, já que ela já tinha sido internada antes e foi quando ela voltou. Pelo o que eu soube ela estava com um coagulo na virilha, como não viram isso e deram alta, deviam ter avaliado mais”, indagou.

A proprietária de uma loja de moda feminina, que preferiu não se identificar, também não presenciou a briga, mas disse que ajudou a socorrer a menina. “Eu só ouvi uma criança chorando e vi quando o professor estava ajudando ela e outras pessoas em volta, fomos até ela e tiramos a mochila das costas porque ela estava reclamando de dor, dei um copo de água e acionamos o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), mas até esse momento ela parecia estar bem, a mãe foi chamada e até a identifiquei como cliente da loja, são pessoas muito boas”, relatou.

Gabrielly foi sepultada nesta sexta-feira, no cemitério Jardim das Palmeiras.

O pai de Gabrielly, de vermelho, durante o velório. Ele nega que a filha tivesse alguma enfermidade. (Foto: Marina Pacheco)
O pai de Gabrielly, de vermelho, durante o velório. Ele nega que a filha tivesse alguma enfermidade. (Foto: Marina Pacheco)
Nos siga no Google Notícias