Demora no registro de briga perto de escola impediu resgate de imagens
Câmaras de monitoramento perderam as imagens do dia do acontecido
A demora no registro do boletim de ocorrência sobre a briga envolvendo estudantes da escola Lino Villachá, no bairro Nova Lima, entre elas Gabrielly Ximenes de Souza, de 10 anos, que acabou morrendo uma semana depois, impediu o resgate das imagens de câmeras de segurança sobre o que de fato teria acontecido. A confusão foi no dia 30 de novembro, mas o caso só chegou à polícia no dia 6, quando a menina faleceu, na Santa Casa de Campo Grande.
De acordo com a delegada da Deaij (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude), responsável pelo caso, Fernanda Mendes, após o registro da ocorrência os investigadores foram até as ruas Jerônimo de Albuquerque com a Bertolino Cândido, onde a briga aconteceu para tentar recuperar imagens, mas não encontraram. “Como eles demoraram a registrar o boletim de ocorrência, quando fomos até o local, não conseguimos as imagens, as câmeras já tinham perdido os registros do dia”, explicou a delegada.
Inicialmente, a informação é de que a briga teria envolvido a menina, uma colega de sala de aula dela, da mesma idade, e outras adolescentes, de 13 anos. Depois de ouvir os depoimentos, a delegada concluiu que uma menina de 9 anos agrediu Gabrielly, com a mochila.
À espera dos laudos, como o de necropsia, Fernanda Félix disse que, pelas circunstâncias, é "impossível" afirmar que os golpes de mochila tenham provocado a morte, por si só. A suspeita é de que a criança tenha alguma doença anterior. Todo o histórico médico vai ser avaliado. A reportagem do Campo Grande News apurou que a última vez que a menina foi atendida na rede pública foi em 10 de junho.
Tristeza - A família nega que a menina tivesse alguma enfermidade. O pai, Carlos Roberto, afirma que a menina não recebeu o atendimento adequado, pois foi levada à Santa Casa de Campo Grande no dia 30 e acabou liberada. De volta no dia 4, ela ficou internada, passou por cirurgia, mas teve uma tromboembolia e acabou morrendo em razão de paradas cardiorrespiratórias.
Nos arredores da escola, onde estudam mil estudantes, o clima é de tristeza e dúvidas. O vendedor de uma farmácia vizinha ao estabelecimento, de 35 anos, contou que não viu o momento da briga, mas que conhecia Gabrielly e sua família. Ele acredita em erro médico.
“Eu não vi o que aconteceu no dia, mas ela sempre vinha aqui com a mãe, era um amor de menina muito simpática”, disse. Ele relatou ainda que no final de semana, a menina foi até a farmácia com a mãe atrás de medicamentos para a dor.
“Ela disse que estava sentindo uma fisgada na virilha, que parecia um nervo e a mãe queria remédio, mas disse para elas retornarem ao hospital, já que ela já tinha sido internada antes e foi quando ela voltou. Pelo o que eu soube ela estava com um coagulo na virilha, como não viram isso e deram alta, deviam ter avaliado mais”, indagou.
A proprietária de uma loja de moda feminina, que preferiu não se identificar, também não presenciou a briga, mas disse que ajudou a socorrer a menina. “Eu só ouvi uma criança chorando e vi quando o professor estava ajudando ela e outras pessoas em volta, fomos até ela e tiramos a mochila das costas porque ela estava reclamando de dor, dei um copo de água e acionamos o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), mas até esse momento ela parecia estar bem, a mãe foi chamada e até a identifiquei como cliente da loja, são pessoas muito boas”, relatou.
Gabrielly foi sepultada nesta sexta-feira, no cemitério Jardim das Palmeiras.