Deputado estadual é condenado por lavar dinheiro de milícia

O deputado estadual Jamilson Lopes Name (PSDB) foi condenado a oito anos de prisão em regime semiaberto por integrar, segundo a acusação, organização criminosa e praticar lavagem de dinheiro. Ele é apontado como líder de um esquema de exploração do jogo do bicho. A sentença foi assinada pelo juiz Roberto Ferreira Filho nesta quinta-feira (20). Além dele, a chamada "gerentona" do jogo do bicho, Darlene Luiza Borges (conhecida como "Dadá") e Cícero Balbino foram condenados.

A decisão judicial incluiu o bloqueio de cerca de R$ 18 milhões em bens apreendidos durante a Operação Omertà. Esses valores foram parcialmente confiscados para reparação e para limitar a capacidade financeira do grupo, enquanto a outra metade permanece sob análise para restituição. Jamilson pode recorrer em liberdade da sentença no TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).

A operação teve como alvos principais Jamilson Name, “Dadá”, e Cícero Balbino, além de outros envolvidos que foram absolvidos ou nem foram denunciados. A condenação é resultado da investigação da Operação Arca de Noé, deflagrada em dezembro de 2020.

Jamilson Lopes Name é apontado como líder da organização, tendo utilizado a Pantanal Cap, empresa de capitalização, para movimentar o esquema ilegal do jogo do bicho, sendo usada para lavagem de dinheiro. Conforme denúncia, eram R$ 50 mil por dia e R$ 1,5 milhão por mês.

Por ser um crime fora do mandato, não tendo relação direta com a função legislativa, ele não conta com a imunidade parlamentar. Além da pena de oito anos de reclusão em regime semiaberto, ele também foi condenado a pagar 26 dias-multa no valor de um salário mínimo da época dos crimes.

A reportagem do Campo Grande News entrou em contato com Jamilson por telefone e por mensagem. O deputado não se posicionou sobre a situação até o momento. O espaço segue aberto.

Darlene Luiza Borges, a gerente do grupo, também foi sentenciada a oito anos de reclusão em regime semiaberto pelos mesmos crimes, com 26 dias-multa calculados em 1/30 do salário mínimo vigente à época. A Justiça determinou a perda de seu celular e de 50% dos valores apreendidos em seu nome, conforme o papel que exercia na estrutura.

Conforme a denúncia, a mulher integra o grupo de “gerentes” do núcleo financeiro da suposta organização criminosa armada, ficando abaixo apenas do líder do esquema.

Cícero Balbino, segundo a denúncia, era considerado um dos gerentes gerais do jogo. Ele recebeu pena de sete anos e seis meses de prisão em regime semiaberto, com pagamento de 25 dias-multa no valor de 1/30 do salário mínimo da época. Metade dos bens apreendidos em seu nome foi confiscada, enquanto a outra metade será restituída, segundo a decisão judicial. Os três condenados foram interditados de exercer cargos públicos ou funções de direção em empresas pelo dobro do tempo de suas penas.

A sentença absolveu 12 dos 15 réus julgados nesta fase por falta de provas, entre eles, Jamil Name Filho, o “Jamilzinho”, irmão do deputado.

Arca de Noé - A denúncia contra o deputado teve origem na 6ª fase da Omertà, a Operação Arca de Noé, deflagrada no dia 2 de dezembro de 2020, quando a equipe do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) cumpriu 13 mandados de prisão e 17 de buscas e apreensão para sufocar a prática da jogatina ilegal em Campo Grande.

A operação teve como alvos principais Jamilson Name, “Dadá”, e Cícero Balbino, além de outros envolvidos que foram absolvidos ou nem sequer denunciados.

Acusado de liderar a organização criminosa, o deputado teve sua casa e escritório vasculhados, e R$ 100 mil em espécie foram apreendidos.

Além disso, Pantanal Cap foi lacrada e teve R$ 18,2 milhões bloqueados, lucro auferido como do jogo do bicho.

Esta fase da Omertà foi direcionada “aos integrantes da organização criminosa desbaratada em setembro de 2019, dedicada à operacionalização do jogo do bicho nesta Capital e em cidades do interior do Estado”.

Durante um mês, Jamilson Name foi monitorado por meio de tornozeleira eletrônica, tendo conseguido se livrar do equipamento em março, conforme determinação do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).

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