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Capital

“Não morreu nem picolezeiro e nem governador”: policial defende Omertà para júri

Investigador Giancarlos de Araújo e Silva afirma que após prisão de alvos cessou execuções que causaram pânico

Por Anahi Zurutuza e Dayene Paz | 16/09/2024 17:14
Giancarlos de Araújo e Silva, investigador da Polícia Civil, durante depoimento nesta segunda-feira, no Tribunal do Júri (Foto: Paulo Francis)
Giancarlos de Araújo e Silva, investigador da Polícia Civil, durante depoimento nesta segunda-feira, no Tribunal do Júri (Foto: Paulo Francis)

Investigador com 15 anos de Polícia Civil, Giancarlos de Araújo e Silva é a terceira testemunha a ser ouvida nesta segunda-feira (16), início do 2º júri popular derivado da Operação Omertà. Ao responder as perguntas do time responsável pela acusação, ele revelou detalhes de sua participação nas investigações desencadeadas após a apreensão de arsenal no Bairro Monte Líbano e prisão do ex-guarda civil metropolitano, Marcelo Rios, e defendeu o trabalho.

Lotado na Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros) à época – maio de 2019 –, Giancarlos concluiu as respostas aos questionamentos dos promotores fazendo referência a frase de Jamil Name Filho, apontado como líder de organização criminosa que formou milícia violenta para manter o poder e negócios ilegais, que teve conversa de WhatsApp interceptada pela força-tarefa. “Não morreu nem picolezeiro e nem governador”, afirmou o policial, sobre o resultado da prisão dos principais integrantes da quadrilha.

O investigador afirma que “mortes continuam tendo” em Campo Grande, “mas é um outro tipo de crime, que não tem fuzil, não tem fogo em carro, não tem aquela característica de causar pânico na sociedade para mostrar o poderio”.

Para Giancarlos, nos meses anteriores à criação da força-tarefa, o grupo comandado pelos Name começou a agir de maneira a chamar mais a atenção – cometendo crimes com características de pistolagem, que antes só ocorriam na fronteira – e sem medir consequências, porque “tinham a certeza da impunidade”. “Não só o armamento, mas a forma como eram feitas a execuções, em plena a luz do dia ou não, mas com armas de grosso calibre e carros queimados, por isso, foi tudo concentrado numa força-tarefa. De cara, já se via que era do mesmo grupo e não poderia ser um grupo qualquer, teria que ser uma máfia pesada e acostumada com a impunidade”.

Eles só não contavam que a nossa equipe ia partir pra cima mesmo sabendo das consequências”, completou Giancarlos de Araújo, lembrando que policiais e delegados envolvidos nas investigações foram ameaçados.

O investigador se recorda de episódio em que Jamil Name, o pai, que foi réu nas ações derivadas da Omertà até a morte, em 2021, o ameaçou em audiência por videoconferência. “Esse é um cara que merece morrer, mentiroso, vagabundo”, disse o “chefão” do bando capturado pela força-tarefa após o depoimento do policial.

Antes disso, o investigador relatou aos jurados como foi seu trabalho ao longo das investigações, a convivência com o Marcelo Rios, a esposa Eliane Batalha e os filhos do casal, enquanto o ex-guarda estava preso e a família sob a proteção da Garras. Contou ainda como foi a elaboração de relatório de 40 páginas que instruiu os delegados da Omertà a tomarem os primeiros passos até a prisão do Name, em setembro de 2019.

Marcelo Rios e Rafael Atunes, réus pelo homicídio, durante o julgamento (Foto: Paulo Francis)
Marcelo Rios e Rafael Atunes, réus pelo homicídio, durante o julgamento (Foto: Paulo Francis)

Contexto – Neste primeiro dia de julgamento, foram ouvidas quatro testemunhas – sendo três convocadas pela acusação e uma chamada pela defesa de Jamilzinho. Cinco pessoas que prestariam depoimentos foram dispensadas. A previsão é que o julgamento se estenda até quinta-feira, dia 19.

No segundo júri da Omertà, os sete jurados têm a missão de decidira se Name Filho, Rios, o ex-guarda civil Rafael Atunes e o policial federal Everaldo Monteiros de Assis são ou não culpados pela execução de Marcel Hernandes Colombo, conhecido como “Playboy na Mansão”.

Marcel, de 31 anos, foi executado à queima-roupa em um bar da Avenida Fernando Corrêa da Costa, Vila Rosa Pires, em Campo Grande, na madrugada de 18 de outubro de 2018. Um amigo dele ficou ferido.

A história remonta a 2016, quando houve desentendimento entre Jamil Name Filho e vítima em uma boate da Capital, segundo o acusando de ser o mandante do crime, por causa de balde de gelo.

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