Desmoronamentos acabam com “paredão verde” tradicional da Ricardo Brandão
Blocos de tijolos, pedras e até um encanamento de água arrastam as plantas leucenas para a rua
Quanto mais as obras de um condomínio na Rua Iara avança, mais árvores da Avenida Ricardo Brandão são arrastadas pelas pedras e restos de entulhos. Nesta terça-feira (16), pequenas barreiras de tapumes foram colocadas para impedir que as pedras e galhos de árvores cheguem no asfalto.
Com denúncia encaminhada até ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), a obra no Jardim dos Estados é questionada pelos moradores desde o início, há pouco mais de um ano. O terreno começa na Rua Iara, faz a volta por uma casa e termina próximo a um barranco na Travessa Dona Sabina, são 2.400 metros. Segundo os vizinhos da construção, a ação da construtora pode prejudicar animais que vivem na mata e até causar acidentes.
Existe a autorização da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente) para supressão da vegetação, mas os pequenos deslizamentos são visíveis. O Campo Grande News esteve no local e notou o grande acúmulo de rejeitos da construção sendo dispensados para o lado da mata, que se juntam com lixos e árvores quebradas.
Carlos Henrique, de 20 anos, é estagiário de fisioterapia e todos os dias desce do ônibus e precisa caminhar beirando a mata para chegar ao trabalho. “Vejo que os trabalhadores da Solurb tentam amenizar a sujeira, mas tem dia que está intransitável e temos que nos arriscar na rua mesmo. Já vi pedras grandes descerem por esse barranco, galhos e tudo mais. Chegou no ponto que a preocupação não é nem a conservação, é de um acidente sério com pedras acontecer”, alerta o rapaz.
O Campo Grande News "bateu no portão" do canteiro de obras e foi atendido pelo chefe da equipe, o mestre Denis Casanova. Segundo ele “uma cinta será fixada e melhorias serão feitas para que nada mais caia para Ricardo Brandão”. O projeto tem previsão de terminar em dois anos.
Em março do ano passado, o engenheiro e responsável técnico pela obra, Rafael Russo, explicou que a retirada das árvores foi um procedimento normal. Ele comentou que as árvores eram invasoras, ou seja, não recomendadas para o plantio.
Quanto à retirada dos dois ipês e do oiti, Rafael acrescentou que a empresa pagou à prefeitura o termo de compensação das três árvores, que não eram invasoras. "Se trata de um terreno como qualquer outro na cidade. Não tem nada de diferente. É um procedimento comum e padrão", disse na época.
A Semadur foi questionada em relação a fiscalizações no local, mas até o fechamento da reportagem não houve retorno.
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