Documento contra fechamento de 4 escolas será entregue ao MP nesta terça-feira
Ofício contra o encerramento das atividades de 2 colégios já havia sido entregue; Segunda documentação será anexada ao primeiro processo
A reunião organizada pelo vereador Valdir Gomes (PP), na manhã desta terça-feira (8), contra o fechamento de mais duas escolas estaduais, reuniu lideranças, alunos e professores, na Câmara Municipal de Campo Grande. A discussão terminou com a produção de um novo documento que também será levado ao MP/MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) para inclusão ao primeiro processo.
Até o mês passado, o anúncio surpresa da SED (Secretaria Estadual de Educação) atingia duas escolas estaduais, a Consuelo Muller e Riachuelo. Agora, serão incluídas mais duas na lista: Otaviano Gonçalves da Silveira Junior, que funciona dentro do Residencial Flamingos, no Lar do Trabalhador e a Zamenhof, no bairro Amambaí.
Na discussão desta manhã, além dos problemas enfrentados por alunos e professores com a notícia do fechamento, houve denúncia de mal uso do dinheiro público com o fato de que centenas de carteiras estão sob o sol e chuva e mais de 20 mil unidades de livros, de diferentes disciplinas, seguem empilhados na escola Consuelo Muller.
Todo o transtorno foi causado, conforme denúncia, durante a mudança de escola regular para integral, quando a unidade deixou de atender 600 alunos e passou a receber 100.
“Ela só me falou de conta e mais contas, dívidas e que precisa economizar. Educação não é gasto é investimento. E outra, se ela queria economia, por que a secretaria criou mais cinco coordenadorias?”, frisou Valdir.
Ainda segundo o vereador, o fechamento das quatro unidades atinge mais de 1,2 mil alunos, já que o Zamenhof atende 200 alunos, Riachuelo 400, Otaviano mais de 500 e Consuelo 100.
Entre os motivos apresentados pelo Governo, para o fechamento de escolas, o da Escola Otaviano é a que mais chama atenção. A escola foi construída dentro do residencial Flamingos e a secretária de educação, professora Maria Cecília Amêndola teria se baseado em uma ata de reunião de condomínio.
“O documento foi formalizado em uma assembleia organizada pelo sindico do Residencial Flamingos, mas os alunos terão de usar a força do controle social, que é mais forte que a secretaria e o governo”, pontuou o vereador Fritz.
O presidente da Fetems, Jaime Teixeira, lembrou que escolas dentro de residenciais é lei. “A escola é pública e não faz parte do condomínio. Lei aprovada nesta casa [câmara] frisa que é obrigatória a construção de escolas nestes residenciais. A escola tem função social e o fechamento tem que ser discutido com a sociedade”, disse.
O professor Lucílio Souza Nobre, O presidente da ACP, pontuou que toda escola funciona na base de planejamento e tomar decisões dessa forma – de surpresa – só confirmam o porquê de a educação no Brasil não ir para frente. “Que fechem outras coisas, escola não! Escola não é gasto, é investimento”, disse.
Outra questão frisada e incluída no novo documento é de que todos os alunos já estavam matriculados para o ano letivo de 2019.
O que diz a secretária? Sem estudos que informem quanto será economizado com os reordenamentos, Maria Cecília destaca que “se houver economia, posso investir em computadores, laboratórios. Nesta gestão, não compramos computadores, por exemplo. Havendo economia, haverá investimos dos 25% na educação”.
Ainda, segundo Maria Cecília, os reordenamentos obedecem à legislação, que define que a educação infantil e o ensino fundamental sejam municipalizados, e o ensino médio fique a cargo do Estado. “Pode gerar algum transtorno, mas ninguém ficará sem aula ou desalojado. Não estamos fechando fagas, está sobrando vagas”, afirma.
Para a secretária, a reestruturação das vagas é benéfico para as escolas, pois os esforços ficam concentrados nas séries oferecidas pela unidade. “Uma escola que oferece fundamental I, fundamental II, ensino médio, EJA, AJA, perde o foco. A formação de professores, psicólogos é diferente, é com foco. A chance de errar é bem menor”, esclarece.