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Capital

Dois meses depois, retomada de obras na Capital fica só no discurso

Em maio, a Prefeitura anunciou que 12 centros educacionais seriam finalizados, mas pelo menos três deles seguem inacabados

Chloé Pinheiro | 29/07/2016 10:57
Ponto de interrogação na porta de obra abandonada pode não ser por acaso: poucas informações e movimentação inexistente em obras. (Foto: Chloé Pinheiro)
Ponto de interrogação na porta de obra abandonada pode não ser por acaso: poucas informações e movimentação inexistente em obras. (Foto: Chloé Pinheiro)

O cenário impressiona. No Jardim Parati, região sul de Campo Grande, onde desde 2012 os moradores esperam que seja entregue uma escola municipal, a vegetação invadiu as catorze salas de aula. A placa na frente anuncia que a obra foi retomada, mas o abandono é nítido no grande terreno na Rua Ari Matoso.

Os portões estão abertos e o único ocupante do empreendimento inacabado é um gato preto, que dorme tranquilo em meio aos restos de material de construção. Nos fundos do grande terreno, uma horta bem cuidada contrasta com o restante da paisagem. O espaço é utilizado por um produtor agrícola vizinho da propriedade.

Em maio desse ano, a Prefeitura prometeu que finalizaria 44 construções abandonadas há mais de três anos, mas sem estabelecer um prazo de conclusão para o trabalho. Dois meses depois, ainda não há sinal de movimentação em diversos pontos da Capital.

A cena se repete em pelo menos mais dois locais. No Jardim Noroeste, a construção do Ceinf (Centro de Educação Infantil) do bairro, uma das empreitadas prometidas pela prefeitura e esperada por moradores, ainda está parada.

“Colocaram a placa há três meses, mas não tem nada retomado”, disse a moradora do bairro que relatou o caso, mas não quis se identificar.

Um senhor contratado, segundo ele, pelo empreiteiro da obra, passa o dia e dorme no local para afugentar ladrões de material. Há sete meses na construção, o vigia improvisado – que pediu para não ser identificado – tem a companhia fiel de um cachorro, mas ainda não viu nenhum pedreiro passar por ali.

Já no Jardim Anache, também na região norte da cidade, o terreno do Ceinf teve sua grama recentemente aparada e, quando a reportagem compareceu ao local, nesta quinta-feira (28), dois funcionários da empresa Coletto estavam realizando testes no encanamento. Eles afirmaram que a obra de fato ainda não começou.

A Prefeitura foi procurada por dois dias para se posicionar sobre o caso. Até o fechamento deste texto, não se manifestou.

Retomada? No dia 24 de maio, a Prefeitura anunciou um pacote de 44 obras em diversas regiões da cidade que estavam abandonadas há mais de três anos. Além dos Ceinfs, entraram na lista UBS (Unidades Básicas de Saúde) e duas escolas, como a do Parati. O custo total do projeto alcança R$ 44 milhões, sendo R$ 11 milhões de investimentos da gestão municipal. "É um dia marcante e histórico para a nossa Campo Grande", chegou a afirmar o Prefeito Alcides Bernal na ocasião. 

Confira a galeria de imagens:

  • As plantas são as únicas frequentadoras das salas de aula prometidas no Jardim Parati. (Foto: Chloé Pinheiro)
  • Interior do Ceinf do Jardim Anache segue incompleto. (Foto: Chloé Pinheiro)
  • A placa que anuncia a retomada no Jardim Anache. (Foto: Chloé Pinheiro)
  • Ceinf do Jardim Noroeste acumula placas de duas gestões prometendo a entrega. (Foto: Chloé Pinheiro)
  • Materiais de construção sem uso no Ceinf do Noroeste. (Foto: Chloé Pinheiro)
  • Horta bem nutrida contrasta com interior abandonado da obra no Parati. (Foto: Fernando Antunes)
  • O único frequentador das salas de aula do Parati, prometidas desde 2012. (Foto: Fernando Antunes)
  • Placa na frente da escola municipal em obras há quatro anos no Jardim Parati. (Foto: Fernando Antunes)
  • Paisagem da escola municipal do Jardim Parati. (Foto: Fernando Antunes)
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