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Capital

Eleição em condomínio vira confusão e moradores exigem até presença da polícia

Votação será no próximo sábado, no condomínio Vitalitá, e com pedido de presença de policiais militares

Por Aline dos Santos | 17/07/2024 16:52
Imagem geral do condomínio Vitalitá, o maior vertical de Campo Grande. (Foto: Divulgação)
Imagem geral do condomínio Vitalitá, o maior vertical de Campo Grande. (Foto: Divulgação)

Antes das eleições municipais de outubro, é a disputa para síndico do condomínio Vitalitá que agita Campo Grande.  O pleito está marcado para o próximo sábado (dia 20), mas o enredo já inclui solicitação de presença policial, registro de Boletim de Ocorrência por ameaça, pedido à Justiça de exclusão de candidato pelo critério de “Ficha Limpa” e denúncia contra o atual síndico, no cargo desde 2016, por falha na prestação de contas.

A reportagem apurou que a remuneração do posto é de R$ 9,6 mil. Mas, entre os moradores, muitos servidores públicos com altos salários, a briga é marcada pelo descontentamento com os rumos do residencial.

Localizado na Vila Margarida, perto do Parque do Sóter, o condomínio tem mais de dois mil moradores e muitos desentendimentos. Em 11 de julho, advogada fez Boletim de Ocorrência relatando ter sofrido ameaça da esposa de delegado da Polícia Civil.

Segundo o boletim de ocorrência, a advogada participava de reunião do condomínio, na noite de quinta-feira, quando começou a rir ao ver os adultos “batendo boca como criança da quinta série”. Uma das participantes ficou incomodada e, conforme o Boletim de Ocorrência, bateu no peito e gritou: "sabe quem eu sou?”. Na sequência disse ser advogada e esposa de delegado.

Ação judicial - Já na tarde de ontem (dia 16), um grupo de seis moradores entrou com ação na 8ª Vara Cível de Campo Grande para pedir a exclusão de um dos candidatos a síndico. No processo, é apontado que o militar Marcus Paulo Velozo não pode disputar a vaga por ter condenação por improbidade, perante a Justiça Federal do Rio de Janeiro. De forma administrativa, o pedido foi negado pela comissão eleitoral.

“Em síntese, pré-candidato Marcus Paulo Velozo, enquanto servia o Exército Brasileiro, foi condenado por vender sem licitação um bem que não lhe pertencia, sendo compelido, entre outras coisas, a devolver o valor auferido com a venda ilícita ao patrimônio público. Evidente que a conduta somente foi possível de ser praticada em razão do cargo que ele exercia. E agora, este mesmo cidadão se lançou candidato ao cargo de síndico do Condomínio, no qual terá acesso à toda documentação e ao inventário dos bens pertencentes ao Condomínio Vitalitá, bem como livre acesso às contas bancárias”, aponta documento anexado ao processo. A venda foi de um motor por R$ 2 mil.

O coronel aposentado Marcus Velozo enviou nota ao Campo Grande News. “Frente às acusações que visam atingir minha honra, é importante destacar que não houve má-fé ou dolo, tampouco uso do recurso para benefício próprio. Tratou-se de um erro documental, fruto da inexperiência e do afã de resolver algumas pequenas demandas imediatas do quartel”.

E prossegue: “Informo ainda que fui absolvido por unanimidade no Superior Tribunal Militar. Desde então, progredi normalmente na carreira, recebendo diversas honrarias e méritos, sendo promovido ao cargo máximo que me cabia, coronel, sem nenhum atraso ou prejuízo. Tais promoções não ocorreriam se houvesse comprovação de má-fé ou qualquer tipo de desvio. Na visão da promotoria, a falta de formalidade gerou prejuízo ao erário e, para resolver a questão, formalizou-se um acordo para ressarcimento”.

A Justiça ainda não se decidiu sobre o pedido dos moradores.

Inquérito policial - Noutra frente, moradores questionaram de forma administrativa a candidatura de Luiz Fernando Villar, atual síndico, por falta de prestação de contas. Ele foi mantido candidato por decisão da comissão eleitoral.

Na segunda-feira (dia 15), a Polícia Civil concluiu apuração do inquérito contra Luiz Fernando por apropriação indébita. Não foram encontrados indícios de crime e a manifestação foi por arquivamento.

As denúncias eram sobre a reforma do campinho de futebol e compra de materiais para as brinquedotecas das torres A e E. O material levado à polícia foi batizado como “Dossiê Condomínio Vitalitá”.

“Quanto aos valores dos descontos, os quais, em primeiro instante, não foram aplicados, todas as partes ouvidas informaram que estes foram devidamente restituídos pelas empresas contratadas ao perceber do equívoco. De igual forma, demonstrou-se que, em que pese a modificação no projeto de cobertura do campinho tenha causado a sobra de materiais, estes foram aplicados em outras obras do condomínio, permanecendo o restante acondicionado para obras futuras, não aclarados indícios de apropriação de bens. Em última análise, sobre a inserção de notas duplicadas, as partes envolvidas esclareceram trata-se de serviços diversos, com lançamento de notas em duplicidade por equívoco que foi corrigido em ato subsequente, inclusive, em uma atenta observância do balancete, é possível ver que a descrição do serviço já demonstra a prestação de serviços diversos, o que corrobora com a versão dada pela defesa”, informa a conclusão do inquérito.

O resultado foi encaminhado ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul). O desfecho a poucos dias da eleição chama atenção de moradores. “O delegado ficou dois anos com o inquérito e que misteriosamente saiu a conclusão na sexta. O síndico quer se perpetuar no poder”, diz moradora, que pediu para não ser identificada.

A reportagem não conseguiu contato com o síndico. Em nota encaminhada aos eleitores, ele afirma que as acusações são inverídicas. “Eu, Luiz Fernando Villar, síndico do Vitalitá venho a público repudiar veementemente as acusações inverídicas de corrupção que têm sido divulgadas a meu respeito”.

A eleição – A votação está marcada para 20 de julho, das 8h às 17h, no salão de festa da torre E. Serão eleitos síndico, subsíndico, conselho fiscal e suplentes do conselho fiscal. Nesta quarta-feira, a partir das 19h, será realizado o debate entre os candidatos.

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