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Capital

Em 3º processo, casal acusado de matar criança responderá por maltratar filhote

Casal acusado de assassinato deixou cãozinho de 4 meses defecando sangue até morrer

Por Anahi Zurutuza | 29/09/2023 16:21
Christian Leitheim (de camiseta branca) e Stephanie de Jesus (de blusa clara) durante audiência do processo por homicídio (Foto: Juliano Almeida)
Christian Leitheim (de camiseta branca) e Stephanie de Jesus (de blusa clara) durante audiência do processo por homicídio (Foto: Juliano Almeida)

Réus em duas ações penais na Justiça, Christian Campoçano Leitheim, 26, padrasto acusado de espancar a enteada até a morte, e a mãe da menina, Stephanie de Jesus da Silva, 24, responderão judicialmente a uma terceira acusação feita pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), pelo crime de maus-tratos a animais. Conforme a denúncia, oferecida pela promotora Andréia Cristina Peres da Silva, da 42ª Promotoria de Justiça, nesta quinta-feira (28), o casal deixou filhote defecando sangue até morrer.

A morte do vira-lata de 4 meses aconteceu no ano passado e foi descoberta após chamado feito à Decat (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Ambientais e de Atendimento ao Turista). Depois de terem de dar explicações à polícia, o casal, que vivia em uma vila no Jardim Colúmbia – região norte da Capital – se mudou, com as crianças, para a casa na Vila Nasser, onde a garotinha de 2 anos e 7 meses morreu, em janeiro deste ano.

Conforme descrito pela acusação, denúncia anônima de que havia um cachorro sendo maltratado chegou à delegacia em 3 de maio. No dia seguinte, pela manhã, policiais foram até o endereço dado pelo informante e encontraram o cãozinho morto, amarrada a um cordão curto, na área de serviço da residência.

Foto do cachorrinho morto no quintal de residência (Foto: Reprodução do laudo da DEPCA)
Foto do cachorrinho morto no quintal de residência (Foto: Reprodução do laudo da DEPCA)

Em depoimentos dados à Decat, tanto Christian quanto Stephanie relataram que o filhote havia começado a passar mal no dia 1º daquele mês, mas que não puderam socorrê-lo até veterinário por estarem passando por dificuldades financeiras.

Para o MP, os dois cometeram crime porque “devendo e podendo agir para evitar o resultado, bem como assumindo o risco de produzi-lo, mediante omissão penalmente relevante, praticaram maus-tratos a animal doméstico, cachorro Maylon, que estava sob a tutela de ambos, ao não buscarem socorro médico veterinário após constatarem que o canino estava defecando sangue, mantendo-o amarrado com fio curto na área de serviço do imóvel em meio a local insalubre, com sujidades, repleto de fezes no pátio da casa e sem alimento conforme Laudo Pericial”.

Os dois foram denunciados nos termos do artigo 32º da Lei de Crimes Ambientais e podem pegar pena de 2 a 5 anos de reclusão.

Área onde cachorrinho morreu defecando sangue (Foto: Reprodução do laudo da DEPCA)
Área onde cachorrinho morreu defecando sangue (Foto: Reprodução do laudo da DEPCA)

Outros animais – Além de Maylon, o casal tinha um gato, chamado Banguela. Não há registros sobre qual foi o destino do animal.

Quando se mudou para a Vila Nasser, Christian e Stephanie adotaram outro cão, o Tomate, que também sofria maus-tratos segundo vizinhos. Uma das entrevistadas do Campo Grande à época da morte da menininha disse que o cachorro apanhava e chorava bastante. O vira-lata ficou preso na residência, sem água e sem comida, após a prisão dos dois por suspeita de assassinato. Mas, dias depois, ele foi adotado.

Cão Tomate, na casa em que viveu até prisão do casal (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)
Cão Tomate, na casa em que viveu até prisão do casal (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)

As acusações – Na tarde do dia 26 de janeiro deste ano, criança de 2 anos deu entrada na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Bairro Coronel Antonino, no norte de Campo Grande, já sem vida. Inicialmente, a mãe, que foi até lá sozinha com a garota nos braços, sustentou versão de que ela havia passado mal, mas investigação médica encontrou lesões pelo corpo, além de constatar que a morte havia ocorrido cerca de quatro horas antes da chegada ao local.

Para a polícia e o MP, a garotinha foi espancada até a morte e era estuprada. O atestado de óbito apontou que a menininha morreu por sofrer trauma raquimedular na coluna cervical (nuca) e hemotórax bilateral (hemorragia e acúmulo de sangue entre os pulmões e a parede torácica). Exame necroscópico também mostrou que a criança sofria agressões há algum tempo e tinha ruptura cicatrizada do hímen – sinal de que sofreu violência sexual.

O padrasto responde por homicídio e estupro. Já Stephanie, pelo assassinato, como o Christian, mesmo que não tenha agredido a filha, mas porque, no entendimento do Ministério Público, ela se omitiu do dever de cuidar. No início deste mês, ambos foram denunciados pelo crime de tortura.

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