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Capital

Mãe e padrasto acusados de matar garotinha ficam calados em interrogatório

Sem saber o que Gaeco achará em celular que foi para perícia, defesas dos réus recomendaram silêncio

Por Anahi Zurutuza e Ana Beatriz Rodrigues | 28/09/2023 17:05
Lado a lado, de roupas claras, Christian e Stephanie no plenário do Tribunal do Júri, onde aconteceu última audiência do caso (Foto: Juliano Almeida)
Lado a lado, de roupas claras, Christian e Stephanie no plenário do Tribunal do Júri, onde aconteceu última audiência do caso (Foto: Juliano Almeida)

Por orientação das respectivas defesas, Christian Campoçano Leitheim, 26, acusado de espancar a enteada de 2 anos até a morte, e a mãe da menina, Stephanie de Jesus da Silva, 24, que também responde por homicídio, ficaram calados na frente do juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri. Na tarde desta quinta-feira (28), aconteceu a última audiência de instrução do processo que julga os acusados de matar a garotinha.

Christian, que nunca deu sua versão sobre o que aconteceu no 26º dia de 2023, tinha a chance que “quebrar o silêncio”, mas preferiu não se comprometer. “Por orientação da minha defesa, eu vou ficar em silêncio”, disse.

Em solo policial, Stephanie afirmou que o marido batia na filha com o intuito de corrigi-la, negou que tenha testemunhado sessões de espancamento e jurou que levou a filha com vida para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento Comunitário) do Bairro Coronel Antonino, em janeiro deste ano. Mas, nesta tarde, também decidiu exercer o direito de não dizer nada que possa ser usado contra ela em julgamento. “Eu queria muito, muito mesmo, responder as perguntas para esclarecer a minha verdade, mas por recomendação da minha defesa, eu vou ficar em silêncio”.

Advogados recomendaram que os dois não falassem em juízo depois que o celular de Christian foi enviado ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) para ser periciado. A defesa do réu já havia pedido para que o interrogatório fosse adiado até que pudesse ter acesso ao conteúdo extraído dos aparelhos eletrônicos apreendidos pela investigação, mas o juiz Aluízio Pereira dos Santos negou.

O magistrado não viu como prova de cooperação a iniciativa de Christian, por meio dos advogados, de revelar a senha do celular para “facilitar” o trabalho da perícia. Para o magistrado, pareceu mais ser uma tentativa de atrasar o andamento do processo.

Na decisão, Pereira dos Santos lembrou que se passaram oito meses desde a constatação do óbito da garotinha e que o acusado manteve em segredo até agora sobre a senha do telefone, mesmo a defesa observando, nos autos, a dificuldade do Instituto de Criminalística em fazer o desbloqueio. O aparelho apreendido chegou a ser enviado para o Paraná, onde peritos também não conseguiram acesso.

“Ao contrário do que aduz o acusado, ao dizer que está cooperação com a Justiça e por este motivo tem o direito de ser ouvido somente após o resultado da perícia, pretende, em verdade, tão-somente adiar o ato processual deforma desnecessária sob a alegação de ferir o contraditório e ampla defesa”, registrou o juiz.

Nesta quinta-feira, os advogados Pablo Gusmão, Willer Almeida, Renato Cavalcante e Arianne Siqueira voltaram a pedir o adiamento da audiência até que a perícia no celular fosse concluída e, novamente, o juiz negou, afirmando que o assunto já havia sido tratado no processo. Por isso, a defesa recomendou que Christian não falasse.

As advogadas Camila Garcia de Rezende e Katiussa do Prado Jara, e o estagiário Pablo Chaves, que representam Stephanie, fizeram o mesmo.

A última testemunha de defesa foi ouvida. O homem, conhecido de Christian, disse que conviveu com o casal algumas vezes e ressaltou o quanto a vítima tinha semblante de tristeza.

As acusações – Na tarde do dia 26 de janeiro deste ano, a menina deu entrada na UPA do Coronel Antonino, no norte de Campo Grande, já sem vida. Inicialmente, a mãe, que foi até lá sozinha com a garota nos braços, sustentou versão de que ela havia passado mal, mas investigação médica encontrou lesões pelo corpo, além de constatar que a morte havia ocorrido cerca de quatro horas antes da chegada ao local.

O atestado de óbito apontou que a menininha morreu por sofrer trauma raquimedular na coluna cervical (nuca) e hemotórax bilateral (hemorragia e acúmulo de sangue entre os pulmões e a parede torácica). Exame necroscópico também mostrou que a criança sofria agressões há algum tempo e tinha ruptura cicatrizada do hímen – sinal de que sofreu violência sexual.

O padrasto responde pelo homicídio e pelo estupro. Já a mãe da menina, pelo assassinato, como o Christian, mesmo que não tenha agredido a filha, mas porque, no entendimento do Ministério Público, ela se omitiu do dever de cuidar. No início deste mês, ambos foram denunciados pelo crime de tortura.

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