ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, TERÇA  05    CAMPO GRANDE 29º

Cidades

MP pede e juiz autoriza devassa na “vida virtual” de casal réu por matar criança

Computadores, HDs e pen-drives apreendidos, além de e-mail e dados armazenados em nuvens serão vasculhados

Por Anahi Zurutuza | 22/09/2023 17:35
Dois computadores foram apreendidos na casa onde o casal vivia com três crianças, incluindo a garotinha que morreu (Foto: Alex Machado/Arquivo)
Dois computadores foram apreendidos na casa onde o casal vivia com três crianças, incluindo a garotinha que morreu (Foto: Alex Machado/Arquivo)

A pedido do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), que formou força-tarefa de promotores para atuar na acusação contra Christian Campoçano Leitheim, 26, o padrasto acusado de assassinar a enteada de 2 anos e 7 meses, e a mãe da criança Stephanie de Jesus da Silva, 24, o juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, autorizou devassa da “vida virtual” do casal.

Além dos celulares dos réus, computadores, HDs e pen-drives apreendidos, além de e-mail e dados armazenados em nuvens serão vasculhados. O Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) dará suporte para os trabalhos.

Os promotores Douglas Oldegardo Cavalheiro dos Santos, José Arturo Iunes Bobadilla Garcia, Lívia Carla Guadanhim Bariani, Luciana do Amaral Rabelo pediram a quebra do sigilo telemático dos dados armazenados nos smartphones de Christian e Stephanie e o juiz determinou que a Google do Brasil e a Microsoft envie para a força-tarefa informações e fotos contidas nos drives, backups, dados de localização e histórico de navegação pela web a partir dos aparelhos. A ideia é dar ao Gaeco acesso até ao conteúdo deletado dos telefones. As empresas têm 10 dias, a partir da notificação, para obedecer a ordem judicial sob pena de multa de R$ 10 mil por dia de descumprimento.

Nesta quinta-feira (21), a promotora Lívia Carla fez acréscimo ao pedido. Quer acesso a tudo o que o WhatsApp tem salvo das trocas de mensagens dos réus. O magistrado ainda não analisou a nova solicitação.

Perícia também apreendeu, no dia 27 de janeiro deste ano, HDs e pen-drives na residência onde criança foi espancanda até a morte, segundo acusação (Foto: Alex Machado/Arquivo)
Perícia também apreendeu, no dia 27 de janeiro deste ano, HDs e pen-drives na residência onde criança foi espancanda até a morte, segundo acusação (Foto: Alex Machado/Arquivo)

Perícia – Depois do insucesso das polícias científicas de Mato Grosso do Sul e do Paraná em extrair dados do celular de Christian, a Justiça repassou a missão para o Gaeco, braço do Ministério Público dotado de equipamentos de alta tecnologia. O MPMS formou força-tarefa de promotores para atuar na acusação contra o padrasto e a mãe da criança, Stephanie de Jesus da Silva, 24, ambos acusados de serem os responsáveis por crime que causou comoção e forte reação da sociedade.

O Instituto de Criminalística de Mato Grosso do Sul também não conseguiu recuperar as mensagens apagadas do celular de Stephanie, que forneceu a senha do aparelho ainda na delegacia, quando foi presa. O diálogo entre ela e o marido no dia da morte da criança foi usado no relatório da Polícia Civil como demonstração de que o casal tentou criar versão sobre o óbito da menina.

Garotinha viveu por 2 anos e 7 meses (Foto: Arquivo de família)
Garotinha viveu por 2 anos e 7 meses (Foto: Arquivo de família)

O crime – Na tarde do dia 26 de janeiro deste ano, a menina deu entrada na UPA (Unidade de Pronto Atendimento Comunitário) do Bairro Coronel Antonino, no norte de Campo Grande, já sem vida. Inicialmente, a mãe, que foi até lá sozinha com a garota nos braços, sustentou versão de que ela havia passado mal, mas investigação médica encontrou lesões pelo corpo, além de constatar que a morte havia ocorrido cerca de quatro horas antes de chegar ao local.

O atestado de óbito apontou que a menininha morreu por sofrer trauma raquimedular na coluna cervical (nuca) e hemotórax bilateral (hemorragia e acúmulo de sangue entre os pulmões e a parede torácica). Exame necroscópico também mostrou que a criança sofria agressões há algum tempo e tinha ruptura cicatrizada do hímen – sinal de que sofreu violência sexual.

O padrasto responde pelo homicídio e pelo estupro. Já a mãe da menina, pelo assassinato, como o Christian, mesmo que não tenha agredido a filha, mas porque, no entendimento do MP, ela se omitiu do dever de cuidar.

Na delegacia, Christian optou por exercer o direito ao silêncio. Já Stephanie afirmou que o companheiro batia na filha como forma de correção, mas negou que ele tivesse espancado a enteada naquele dia. Ela alega que nunca denunciou por medo do marido, já que também era vítima de violência doméstica.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News.

Nos siga no Google Notícias