Em 5 anos, Capital acumulou 286 pontos de alagamentos nas chuvas, diz pesquisa
Levantamento foi feito com base nas reportagens publicadas pelo Campo Grande News de 2018 a 2023
Pesquisa realizada com reportagens do Campo Grande News identificou 286 pontos de alagamentos e inundações de 2018 a 2023, identificando gargalos da urbanização sem planejamento. Das MHUs (Microbacias Hidrográficas Urbanas), o trabalho destacou cinco áreas com “densidade muito alta de ocorrência de desastres hidrológicos”.
RESUMO
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Uma pesquisa realizada por Rafael Brandão Ferreira de Moraes, doutor em Tecnologias Ambientais pela UFMS, identificou 286 pontos críticos de alagamentos e inundações em Campo Grande entre 2018 e 2023, destacando áreas com alta densidade de desastres hidrológicos. O estudo, que se baseou em reportagens do Campo Grande News, revelou cinco locais com ocorrências frequentes, como o Parque das Nações Indígenas e a Lagoa Itatiaia, além de evidenciar problemas de assoreamento e drenagem inadequada. Brandão enfatiza que o planejamento urbano deficiente e a impermeabilização do solo são fatores que aumentam a vulnerabilidade a esses desastres, e a pesquisa foi apresentada em um congresso nacional, onde recebeu reconhecimento pela sua contribuição ao tema.
O levantamento fez parte da tese de doutorado do servidor da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) Rafael Brandão Ferreira de Moraes, defendida em 2023. Este mês, apresentou artigo científico sobre o tema durante o IV END (Encontro Nacional de Desastres), realizado em Curitiba (PR), este mês.
Rafael Brandão é engenheiro ambiental e, agora, doutor em Tecnologias Ambientais pela UFMS.
Para a tese, fez o mapeamento a partir das notícias veiculadas pelo portal durante cinco anos sobre as chuvas e os efeitos na cidade: alagamentos, inundações danos materiais e transtornos à população.
A inundação é caracterizada pelo transbordamento de forma generalizada da água na planície de um rio. Alagamento é a água parada localizada, comum nas regiões urbanas. Acontece quando a água não é drenada ou impedida de correr, podendo estar ou não associada a um rio.
Ele explica que os 286 pontos críticos de desastres hidrológicos (inundações ou alagamentos) podem se repetir ao longo da pesquisa, isto é, um local alagado identificado em 2018 é contado e, caso apareça novamente em 2020, por exemplo, entra na contagem. “Isso me mostra quais os pontos com mais intensidade de ocorrência de alagamentos”, explica, onde os transtornos se tornam recorrentes.
Nessa contagem, Brandão identificou cinco pontos críticos, em que os alagamentos são constantes: Parque das Nações Indígenas, Lagoa Itatiaia, Avenida Rachid Neder nos cruzamentos com avenidas Ernesto Geisel e Euler de Azevedo, Rua da Divisão e Avenida Ricardo Brandão com Rua Joaquim Murtinho.
Na Lagoa Itatiaia, na microbacia do Bandeira, ele cita o processo de assoreamento, já que muitas ruas próximas não são pavimentadas e não dispõem de sistema de drenagem adequado, contribuindo para o acúmulo de sedimentos e reduzindo sua capacidade de retenção de águas pluviais.
Além dos cinco pontos críticos, o pesquisador elaborou mapa de calor para identificar as áreas e microbacias mais suscetíveis à ocorrência de desastres. As maiores densidades estão nas microbacias das regiões Bandeira, Segredo, Prosa e Anhanduí.
Sobre as bacias do Segredo, Prosa e Anhanduí, Brandão avalia que a concentração de pontos de alagamento e inundações podem estar associada à alta taxa de impermeabilização do solo, por serem áreas de elevada densidade de edificação e pavimentação.
“As duas áreas em destaque das MHUs Segredo e Prosa são próximas a confluências de cursos hídricos, evidenciando que a velocidade de escoamento da água da chuva nessas MHUs é maior do que elas são capazes de suportarem, demonstrando planejamento inadequado da drenagem pluvial no local. (...) Concomitantemente, por ser uma região com alta densidade populacional há uma maior geração de resíduos sólidos”.
“A alteração do uso do solo e o planejamento urbano inadequado contribuem significativamente para o aumento da susceptibilidade a desastres hidrológicos (alagamentos e inundações) em áreas urbanas (...) é fundamental identificar e monitorar áreas urbanas susceptíveis a desastres hidrológicos”, discorreu Brandão no artigo científico apresentado em Curitiba.
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