Em audiência, palhaço Sabiá diz que matou porque mulher só falava do ex
Merendeira foi encontrada morta dois dias depois do crime em terreno no Jardim Caiobá
Jesus Ajala da Silva, de 46 anos, mais conhecido como palhaço Sabiá, foi interrogado na tarde desta quarta-feira (3) pelo juiz Carlos Alberto Garcete, da 1º Vara do Tribunal do Juri. No novo depoimento, afirmou ter matado a merendeira Silvana Tertuliana Pereira, de 42 anos, porque a mulher “só falava do ex”. A vítima foi morta a facadas no dia 9 de janeiro e seu corpo encontrado dois dias depois no quintal de uma casa abandonada no Portal Caiobá.
No primeiro depoimento, Sabiá havia confessado ter cometido o crime por não aceitar o fim do relacionamento com Silvana, com quem estaria namorando há cinco meses. Porém, nesta quinta o assassino confesso negou que esse tenha sido o motivo. “Ainda estávamos juntos quando aconteceu”, afirmou.
Ajala ainda deu detalhes da briga que teria motivado o crime. “Nossa briga foi mais porque ela só falava do ex, mas estava endividada e eu que pagava suas contas. Perdi a cabeça, fiquei nervos e, quando eu vi, já tinha metido a faca nela”, revelou.
Segundo ele, no dia do crime, a vítima chegou em sua casa, localizada na Rua das Valquírias, por volta das 12h. Sabiá negou ter convidado a mulher para ir até o local, afirmando que ela chegou por conta própria. Lá, o casal teria apenas conversado, tendo a discussão começado por volta das 14h.
Jesus também negou que a vítima estaria nua no momento dos golpes de faca, até mesmo que tenha tido relação sexual ou tomado banho com ela momentos antes. O corpo da merendeira foi encontrado no banheiro, mas palhaço garantiu que tudo aconteceu no quarto da quitinete. “Ela caiu na porta da varanda, que também leva ao banheiro. Arrastei para lá porque os vizinhos sempre tomavam tereré comigo e eles poderiam ver o corpo no quarto, porque não tinha porta”, afirmou.
No meio do interrogatório, Sabiá ainda indicou o que seria um novo acontecimento. “Ela me deu um tapa no rosto”, afirmou ao dizer só ter se lembrado disso agora.
Ao juiz, Jesus Ajala também relatou o que fez depois do crime. “Tomei banho e foi para minha irmã. No dia seguinte eu peguei emprestado um carrinho de mão com a vizinha e, por volta das 2h do outro dia, levei o corpo até o local”, se referindo ao terreno onde a vítima foi encontrada. De volta a sua casa, ele teria feito a limpeza dos cômodos apenas com um pano úmido. Após o depoimento, Sabiá aguarda decisão da Justiça para saber se vai a Júri.
Saúde mental – A defesa chegou a pedir para que um exame psiquiátrico fosse realizado em Jesus Ajala, porém o juiz indeferiu o pedido. Durante audiência, Garcete afirmou que “não observou nenhum tipo de anomalia, descompensação de ideias ou, no mínimo, aparência que possa indicar algum tipo de distúrbio psiquiátrico” em Sábia.
Juiz também se baseou no próprio depoimento do suspeito, que afirmou nunca ter feito uso de medicamentos ou passado por tratamento psiquiátrico.
Outros depoimentos – A Justiça também ouviu nesta quarta-feira (3) um investigador da Polícia, o dono do imóvel alugado por Sabiá – onde o crime aconteceu – e o ex-marido de Silvana, com quem teve duas filhas.
O pai das meninas afirmou novamente que estava no interior, trabalhando em uma fazenda na região de Ribas do Rio Pardo, quando sua filha mais velha entrou em contato pedindo para vir busca-las, uma vez que estariam sozinhas há dois dias. O ex-marido chegou a registrar um boletim de ocorrência devido ao sumiço da merendeira.
Já o dono da quitinete revelou que o ex-inquilino deixou a casa no mesmo dia em que o corpo foi encontrado. “Eu nunca tive problemas com ele, apenas pedi para sair da casa porque estava devendo água, luz e aluguel”, revelou.