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Capital

Em casa que foi cena da morte de bebê, família sobrevive com ajuda de vizinhos

Casal com oito crianças está morando na Vila Bandeirantes há quase um mês

Aletheya Alves | 02/12/2021 06:59
Auda com três dos oito filhos na cozinha da atual casa. (Foto: Paulo Francis)
Auda com três dos oito filhos na cozinha da atual casa. (Foto: Paulo Francis)

Cinco meses depois de casa na Vila Bandeirantes ter sido cenário da morte de bebê, um casal com oito crianças tenta transformar o local em seu lar temporário. Reconstruindo a história das paredes sem saber, a nova família tem conseguido sobreviver graças à ajuda dos vizinhos.

Sentada com as crianças em frente de casa, Auda Delmondes, de 36 anos, conta que não sabia sobre o que aconteceu por ali até a chegada da reportagem. “Meu Jesus amado. Minha mãe ficou sabendo que o aluguel aqui era barato, mas a gente nunca imaginou isso não”, disse.

Em junho deste ano, Gabrieli Paes da Silva confessou que havia matado a filha, de 5 meses, afogada em uma bica d’água, que era usada como chuveiro. Há menos de um mês, Auda, seu marido e as crianças se mudaram para o local.

Um dos meninos tomando banho, sem chuveiro e energia elétrica. (Foto: Paulo Francis)
Um dos meninos tomando banho, sem chuveiro e energia elétrica. (Foto: Paulo Francis)

De acordo com Auda, ela morava em Ladário e veio para Campo Grande após seu marido, que se identificou como Odson Ramos, sair da prisão. Sem detalhar a ficha criminal, ela relatou que Odson estava cumprindo pena no semiaberto por não ter pago pensão aos filhos de outro casamento e, após ter ficado foragido, voltou a ser preso.

Liberado com tornozeleira eletrônica, ele relata que está procurando emprego e, enquanto não consegue, os vizinhos têm ajudado a resolver necessidades básicas. Sobre a situação atual, Auda relatou que as poucas coisas que estão dentro de casa foram doadas pelos moradores do bairro.

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No café da manhã, eles trazem as coisas e me deram arroz e ovo. Não imaginei que seria assim quando me mudei, achei que chegando aqui, ia conseguir logo as coisas, porque é cidade grande", conta.

Uma das vizinhas que tem ajudado na adaptação da família, Neli Fernandes, de 75 anos, explica que aos poucos as mudanças estão ocorrendo. “A gente ajuda no que pode, fala com as colegas para ajudar. Agora, arrumamos uma geladeira e minha outra conhecida trouxe roupa para as crianças”.

Pouco antes de dar entrevista, a aposentada havia levado as crianças para lanchar em sua casa. “Quando eles chegaram, eu vi que era bastante criança, sei a dificuldade, porque já trabalhei com gente que precisa de ajuda. Então, no que posso, eu ajudo”.

Para sair da situação atual, Auda e Odson relatam que o principal é conseguir um emprego, além de alimento e fraldas. “Eu tive que vender meu celular, porque meu marido precisava me visitar no hospital nesses dias, eu tive meu último filho antes de ontem. Mas tem o contato da minha mãe, quem puder ajudar pode ligar para ela”.

É possível entrar em contato com a família pelo número (67) 99297-4707, falando com Auxiliadora.

Família explica que maior preocupação é conseguir um emprego. (Foto: Paulo Francis)
Família explica que maior preocupação é conseguir um emprego. (Foto: Paulo Francis)

Tragédia - Presa em junho, Gabrieli Paes da Silva, de 21 anos, levou a filha no carrinho até a casa de amigas no bairro. Após passar um tempo conversando, as jovens perceberam que a criança estava muito quieta e, ao tocarem na menina, perceberam o corpo rígido.

As mulheres levaram a criança até a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Jardim Leblon e, ao questionarem Gabrieli sobre o que havia acontecido, ela dizia que não tinha acontecido nada. Além de morta, a criança estava com ferimentos no canal vaginal e ânus.

Alegando que a filha estava com o "chip da besta" na cabeça, a jovem confessou que havia matado a filha. Por tal crime, Gabrieli está respondendo na Justiça por estupro e homicídio qualificado por motivo torpe e emprego de asfixia.

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