Em frente a escolas, motoristas dão lições ao contrário sobre trânsito
“Isso aqui é uma loucura, já vi coisas absurdas”, resume Eliane Ferreira da Silva, de 23 anos, ao comentar sobre o trânsito na rua Maranhão, em frente à unidade II da escola infantil Despertar, localizada na Vila Gomes, em Campo Grande. Desrespeito às leis de trânsito acontecem todos os dias, em qualquer canto da cidade, mas os “absurdos” cometidos em frente às escolas são uma rotina que chama a atenção.
Eliane é auxiliar de sala e trabalha no colégio Despertar há 6 meses. Acompanha os alunos durante a entrada e saída e diz que já viu muitas irregularidades cometidas por motoristas, especialmente no período da tarde.
“Não sei se é porque o pessoal está saindo do serviço e quer voltar logo para casa, mas é bem complicado”, comenta. A área em frente à escola tem sinalização, mas o problema é que muitos condutores continuam a ignorar as regras básicas de trânsito, como dar a preferência, por exemplo.
Para alguns motoristas a rotatória nem parece existir. Outros insistem em confundir a via com pista de corrida. A Situação preocupa os pais. Viviane Martini, de 36 anos, comenta que já presenciou vários acidentes. A advogada prefere levar a filha, Júlia, de 5 anos, à pé, do que enfrentar o trânsito na região. “Tumultua”, conta, acrescentando que os motoristas ficam disputando a preferência para atravessar a rotatória.
Para Viviane, o termo conscientização já virou “balela”. Já que os motoristas não respeitam, afirmou, o que precisa é de ações efetivas para evitar novas tragédias. Uma forma de fazer com que o desrespeito às leis de trânsito pese no bolso. “Poderiam instalar uma lombada eletrônica”, sugeriu.
Mesma sugestão tem o bancário Gustavo Oliveira do Amaral, de 29 anos, que costuma levar o filho Pedro, de 8 anos, à escola. “No horário de pico é complicado. Os carros vêm de lá e trava tudo aqui”, diz. O bancário sugere, ainda, a abertura de novas vias para desafogar o tráfego na localidade.
Acidente – Na última quarta-feira (8), um estudante de 7 anos foi atropelado em frente à Escola Estadual Teotonio Vilela, no bairro Universitária, em Campo Grande.
O acidente acontece na rua Souza Lima, por volta das 12h30, no momento em que o garoto atravessa a via para entrar no colégio, onde cursa o segundo ano.
Segundo a diretora Nicolassa Mariana Maldonado, 40 anos, a moto passou por cima das costas, das pernas e dos braços de Cássio, que foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros com escoriações.
Moradores e comerciantes do bairro pedem mais reforço na sinalização. A rua é linha de ônibus e o tráfego é intenso. Vendedora de uma loja localizada em frente ao colégio, Franciane Borges De La Vechia, de 29 anos, disse que já presenciou acidentes. O último foi há 3 meses, quando um motociclista foi atingido por um ônibus.
O quebra-molas que existe em frente à escola está apagado e a placa encoberta por galhos de árvore. Na mesma rua, a aposentada Maria de Lourdes Rodrigues, de 70 anos, guarda uma placa de trânsito na varanda de casa. “O pessoal ficava escorado nela e acabou caindo. Guardei aqui, mas não vieram arrumar até agora”, contou.
Descaso - No bairro Oliveira III, na esquina da Escola Municipal Professor José de Souza, mais conhecida como “Zezão”, a placa de “Pare” está dentro de um bueiro. Foi o jeito que os moradores encontraram para preservar a sinalização, que foi arrancada.
“Fiquei sabendo que quem quebrou foi um rapaz com problemas mentais”, disse a costureira Raquel Regina da Silva, de 53 anos. Segundo a moradora, na rua onde mora, a Mogi Mirim, um placa está “cai não cai”. “Minha via é cuidar daquilo”, exagera.