Em loteamento precário, qualquer ventania é estrago na certa na Capital
No loteamento Vespasiano Martins, os prejuízos com os temporais são recorrentes e moradores aguardam transferência de área e construção de novas unidades
Temporal acompanhado de forte ventania destelhou quatro casas no loteamento Vespasiano Martins, ontem, em Campo Grande. A remoção das 42 famílias que moram no local é certa, mas ainda pendente da liberação de recursos estaduais. Enquanto isso, a cada chuva forte, os moradores temem pelo desabamento das casas.
“Moro aqui há quatro anos, toda vez que chove é a mesma coisa”, disse o carpinteiro Paulo Sérgio dos Santos Gimenez, 30 anos, que mora na Rua Estácio Cunha, no loteamento. Dessa vez, ele não teve problemas na casa dele, mas viu a vizinha se abrigar embaixo da caixa d´água durante a chuva de ontem à tarde.
Os vizinhos – casal e filho de dois anos – foram para casa de amigos, depois que a casa dele foi parcialmente destelhadas.
Na Rua Projetada, outras três casas foram destelhadas, uma delas, da dona de casa Maria Lúcia da Silva, 56 anos, que mora com as duas filhas e as duas netas. Ontem, quando voltou do posto de saúde, encontrou a casa sem as telhas na sala e no quarto.
A dona de casa Vanessa dos Santos Carneiro, 20 anos, estava alimentando o filho de dois anos quando a telha voou na sala e na cozinha. Na sala, o telhado ficou solto e ela e o marido optaram em ir para casa de amigos. Móveis e a TV foram atingidos pelas águas e ela ainda não sabe se tem como recuperar alguma coisa.
Nessa manhã, equipe da Emha (Agência Municipal de Habitação) estava no local fazendo avaliação dos danos. O diretor-presidente da Emha, Enéas Carvalho, disse que laudo já atestou que não há condições das famílias ficarem na área, tanto pela precariedade da construção, quanto pelas condições do solo.
As casas foram construídas em sistema de parceria com a Mohrar Organização Social, em 2016, em contrato orçado em R$ 3,6 milhões. Desde o início da execução das obras, havia reclamação da demora no processo e na qualidade do material.
A área já foi definida e a construção, orçada em R$ 900 mil, depende de parceria com liberação de recursos estaduais. Segundo ele, não há prazo para que isso ocorra. A assessoria da Agehab (Agência de Habitação Popular) informou que convênio com a Emha prevê gasto de R$ 4,6 milhões para transferência de moradores da antiga Cidade de Deus para áreas no Bom Retiro, Jardim Canguru e Teruel.
Pelo cronograma, a construção das casas começou pelo Bom Retiro, devendo terminar em julho. Os moradores do Vespasiano Martins estão nesta lista, mas são os últimos na programação, sem data definida.
#Matéria atualizada às 11h46 para acréscimo de informações