Em mais um dia de fila no Bioparque, solidariedade garante amizade e distração
Teve quem pulasse da cama às 3h da manhã para chegar cedo e garantir uma das 600 senhas da manhã
A exemplo dos últimos dias, uma longa fila compõe o cenário em frente ao Bioparque Pantanal, em Campo Grande. A informação da dificuldade para conseguir uma senha fez a pensionista Delma Cardoso, 58 anos, pular da cama de madrugada e chegar às 4h30. Vai garantir a primeira senha e, precavida e solidária, até conquistou amizade na espera.
“Tentei agendar e não consegui, aí vim cedo para ser a primeira”, disse Delma, que mora no Aero Rancho. Por volta das 7h, ao olhar para trás, ela já podia ver a longa fila formada por pessoas que também chegaram cedo para garantir uma das 600 vagas disponíveis esta manhã.
Na fila, tem de tudo: adultos, crianças, adolescentes e idosos que se ajeitam como podem para esperar a abertura dos portões, às 8h. Estão sentados em cadeiras de praia, de plástico, no ponto de ônibus na Avenida Afonso Pena e embaixo das árvores para fugir do sol escaldante. Tem quem tenha jogado um pano no chão e se deitado. A temperatura logo cedo já bate os 27ºC.
Delma veio acompanhada do filho Augusto, de 22 anos, e se preparou. Trouxe garrafa de água e três banquinhos, um a mais para ajudar alguém que precisasse.
A ajuda foi dada logo atrás da fila. A segunda na espera é Elaine Cristina Fernandes de Oliveira, 39 anos, técnica de enfermagem. Ela mora em Santa Catarina há dois anos, mas é de Campo Grande e veio visitar a família, que reside no Bairro Amambai.
Elaine acordou às 3h20 e chegou às 4h35, acompanhada dos filhos Arthur, de 15 anos, e Eloá, 11 anos. Cinco minutos de diferença de Delma. A pensionista cedeu o banquinho extra e ganhou amiga. “Eu não trouxe nada, mas fiquei amiga da Delma e ela foi me cedendo as coisas, me emprestou cadeira e guarda-chuva”, disse. Um caixote foi encontrado no local e está sendo usado para os filhos se revezarem.
As duas estão ansiosas. “Já conversamos de tudo e a hora não passa”, disse Elaine. “A expectativa é grande, vai estar bem bonito, bom para tirar foto, quer ver os axolotes [salamandra]”. As novas amigas já combinaram que vão ajudar nos registros fotográficos uma da outra.
Delma tem outra preferência para ver no Bioparque. “Quero ver a Gaby, nunca vi uma sucuri de perto, com certeza vou aproveitar muito”, espera. Além da ansiedade, compartilham a expectativa. “Estamos mais empolgada que os filhos”, disse a pensionista.
Para elas, visitar o Bioparque é oportunidade de turistar por Campo Grande, mesmo que tenham que acordar cedo para não perder a senha. “É um incentivo ao turismo, a cidade não tem muitos pontos turísticos, isso é sensacional”.
A espera por senha no Bioparque tem causado longas filas, reclamação e confusão esta semana. Ontem, a administração teve que chamar a PM (Polícia Militar) para conter os insatisfeitos, que ficaram horas na espera e não conseguiram entrar.
Segundo a coordenadora do maior aquário de água doce do planeta, Maria Fernanda Balestieri, algumas pessoas começaram a insultar os funcionários, sacudir e chutar os portões, além de atirarem água nos trabalhadores que tentavam acalmar as pessoas.
Programação - De acordo com a direção, além do atendimento das pessoas com o passeio agendado, serão entregues 1,3 mil senhas nesta quarta-feira (28). Já na quinta-feira (29), serão mil, e deste total, 200 são oferecidas para turistas.
A direção ainda ressalta que pessoas com visita agendada para o dia 30 de dezembro podem entrar em contato com o setor de atendimento pelo WhatsApp: (67) 99217-8189.
Confira os dias e horários de entrega de senhas:
Quarta-feira - 28/12: 600 senhas (dessas, 100 para turistas) a partir das 8h e 700 (dessas, 100 para turistas), a partir das 13h30.
Quinta-feira - 29/12: 400 senhas (dessas, 100 para turistas), a partir das 8h e 600 (dessas, 100 para turistas), a partir das 13h30.