Em oitiva, CPI recebe moradores e ouve reclamações contra Homex
Nas primeiras oitivas da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Homex, instaurada na Câmara Municipal para apurar possíveis irregularidades em empreendimentos residenciais da construtora em Campo Grande, mutuários não pouparam críticas às residências entregues. Em regra, grande parte das unidades apresenta infiltrações, rachaduras e desníveis no piso. Em alguns casos, até mesmo banheiros entupidos foram entregues, ainda que fora do prazo. Por conta da complexidade do caso, os vereadores que compõem a Comissão decidiram prorrogar os trabalhos, que terminariam no próximo dia 14, por mais 90 dias.
“É algo que gera transtorno, inclusive, nas relações familiares, por conta do estresse. Minha casa está torta, com infiltração, e a cada chuva isso piora. Estamos desamparados enquanto moradores”, desabafou Dayana de Oliveira Arruda, uma das que se sentem prejudicadas pelo “calote” da construtora mexicana. Ela, que mora no Residencial dos Canários, contou ainda que o apartamento deveria ser entregue em agosto de 2012, no entanto, recebeu a chave somente três meses depois. “Culpavam a Prefeitura pelo atraso”, relata.
Segundo o vereador Alceu Bueno, presidente da CPI, a situação é “extremamente grave”. Ele afirma que a Homex recebeu mais de R$ 50 milhões pelas 700 unidades. “Há um monte de pessoas reclamando, várias entidades, funcionários, empreiteiros, corretores, sindicatos. Para onde foi todo esse dinheiro?”, questionou. “Os mutuários se sentem abandonados e estão aqui na esperança que essa CPI possa lhes dar guarida. Uma empresa não pode vir aqui, levar o dinheiro e sair sem que nada aconteça”, criticou.
Também ouvido pelos vereadores na tarde desta quarta-feira (6), Ednaldo Domingos Pereira conta que percebeu os problemas logo que entrou em sua casa nova. “Achei que não eram tão graves. Com o tempo, houve infiltração na parede. Solicitei para mandar alguém para reformar, disseram que mandariam, mas enrolaram. Mandaram depois, mas foi um transtorno. Sempre que eu chegava do serviço, estava aquela sujeira. Não conseguia nem dormir direito”, esbravejou.
Moradora do Residencial das Andorinhas, Nadia Cristina Santos também apontou uma série de problemas estruturais em seu apartamento. “O que foi prometido, não foi cumprido. No quarto das crianças, tenho uma fissura do teto ao chão”, aponta. “Tive um sonho destruído. Tem problemas de rachaduras, principalmente no quarto da minha filha. No dia que chovia, molhava tudo”, emendou Andreia Pereira, outra moradora. Ela conta ainda que esperou seis meses para que uma porta com defeito fosse trocada. “Os problemas estão todos lá, são visíveis”, completou Bruna Mara dos Santos.
Mais do que afetar os moradores, as falhas estruturais nas centenas de unidades construídas pela Homex em Campo Grande também atrapalham corretores de imóveis. Segundo Feliciano Azuaga, que vendeu apartamentos da mexicana, vários profissionais apelaram à Justiça para receber comissões. “Eles nunca reparavam a reclamação do morador no prazo que davam. Um morador reclamava, recebia a chave, e via fissura e vazamentos. Eles (Homex) davam uma semana, mas atendiam em um mês. Eu ficava indignado como corretor”, afirma. “Tenho clientes nos seis condomínios entregues e há problemas em todos. Ela deixou mesmo a desejar”, lamenta.