Entristecidos, ex-secretários lembram de Pedrossian fora dos holofotes
Quem teve a oportunidade de conviver com o ex-governador Pedro Pedrossian nos bastidores faz questão de lembrar do legado que ele deixou, mas não só como gestor e liderança política. O “Homem de Miranda”, nome da composição de Renato Teixeira para homenagear o ex-chefe de Estado, é lembrado como um ser humano digno de inspiração.
“Foi um grande estadista, líder ímpar neste Estado, que não teve antes e não teve depois”, afirma o jornalista Oscar Ramos Gaspar, que convivia com Pedrossian até seis meses atrás, quando, segundo o ex-secretário de comunicação e amigo do ex-governador, perdeu a coragem de “o homem da dinâmica, da força de se admirar” deixando a vida aos poucos.
“Era um ser humano fantástico, homem de uma grandeza pessoal que só quer convivia com ele fora dos holofotes podia saber”, completou Gaspar, com a voz embargada.
Claro que o jornalista não poderia deixar de recordar os feitos do gestor, embora faça questão de ressaltar que o cargo “é menor que o Pedro”.
“Tudo que tem este Estado tem de definitivo é obra do Pedro e no Mato Grosso também. Campo Grande é um canteiro de referências a Pedro Pedrossian”, comentou, lembrando-se de obras como o Parque dos Poderes e o próprio Parque das Nações Indígenas, a UFMT (Universidade Federal do Mato Grosso) e UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).
Oscar Ramos Gaspar foi secretário de comunicação de 1992 a 1994.
O antecessor – Antes dele, o advogado e contador Heitor Freire, hoje vice-presidente da Santa Casa, chefiou o setor que dava publicidade às realizações do governador que “espalhou estrelas” por onde passou.
“Era um homem muito criativo, com um trabalho que marcou a história do Estado”, afirma Freire, lembrando que foi coordenador de comunicação no segundo governo de Pedrossian, iniciado em 1980, depois da gestão de Marcelo Miranda.
O “ex-funcionário” também lembra do “homem à frente do seu tempo” que espalhou obras pelo Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O Parque dos Poderes, a UFMS, UFMT e outros empreendimentos estão “na cara” de todos, mas Freire recorda de um pacote de obras que também ficou para a história: o projeto Apaporé, lançado em 1981.
O conjunto de intervenções, principalmente relacionada a pavimentação de rodovias, beneficiou a região do rio Apa, em Bela Vista, e rio Aporé, em Cassilândia.
No início de 1981 lançou o projeto Apaporé, um pacote de obras, principalmente de pavimentação de rodovias, que pretendia abranger desde a região do rio Apa, em Bela Vista, até a região do rio Aporé.
Mais obras – A matéria não ficaria completa sem fala com um dos secretários de obras dos três governos de Pedrossian. O ex-deputado estadual Antônio Carlos Arroyo foi diretor do DOP (Departamento de Obras Públicas) de 1980 a 1983.
“Sempre foi visionário, à frente da nossa época”, disse ao chegar para o velório e lembrando as obras que incentivavam a prática de esporte, como o ginásio Guanandizão e os estádios Morenão e Douradão.
Arroyo recordou ainda da primeira conversa com Pedrossian sobre a construção do Parque dos Poderes. “Ele me disse: ‘precisamos construiu um centro administrativo para reunir os órgãos em um só lugar’. E, criou-se essa maravilha!”, exclamou.
Apesar de ser referência de grandeza, por causa do tamanho das obras “carimbadas” com a estrela que Pedrossian espalhou para iluminar as obras que deixou para o Estado do Pantanal, Arroyo destaca a simplicidade do ex-governador. “Vim me despedir, reverenciar o homem, extremamente simples e determinado”.
Habitação - O deputado estadual Paulo Corrêa (PR) guardou na memória a gentiliza do “homem de Miranda”. O parlamentar chefiou a secretaria de Habitação de 1991 a 1994.
“Era muito gentil com a equipe, mas cobrava resultados, queria as coisas para ontem”.
Corrêa lembra ainda que em quatro anos, Pedrossian construiu 12 mil casas populares em Mato Grosso do Sul. “Naquela época, ele criou um dos primeiros programas de para por fim a favelas o Estado”.
Morte - O ex-governador morreu na madrugada desta terça-feira (22). De acordo com secretário de Finanças e Planejamento, Pedro Pedrossian Neto, o avô estava em casa. “Morreu dormindo, sem sofrimento”.