Fiação subterrânea da 14 de Julho está longe de ser realidade em toda a Capital
Em Campo Grande, apenas 0,22% da instalação segue modelo considerado mais eficiente
Muito mais do que uma questão estética, a fiação subterrânea como a instalada Rua 14 de Julho, após o processo de modernização, evita problemas de descarga na rede elétrica, diminui apagões de luz, internet e telefonia, e até reduz riscos de queda de raios. Porém, essa modernidade não passa de ilusão na realidade de Campo Grande, onde só 0,22% da distribuição de energia elétrica é feita por redes subterrâneas.
Não bastasse a redução de custos que uma obra do tipo poderia trazer, outro risco a ser evitado é algo presente em todos os bairros da cidade. Fios caídos pela cidade, outros já obsoletos que seguem em posto sem qualquer manutenção, criando um emaranhado perigoso. Vira e mexe, caminhões arrastam a fiação ao se enroscarem, deixando bairros sem energia, telefone e internet.
Sem previsão de ampliação da tubulação subterrânea, a Energisa, que hoje ocupa a maior quilometragem de fios pela cidade para distribuição de energia, informou que o principal entrave para a ampliação das instalações, como vistos na Rua 14 de Julho, são os altos custos para instalação e manutenção, o que geraria impacto na conta dos consumidores.
“Atualmente o custo da mudança para redes subterrâneas é elevado, o que inviabiliza a mudança do padrão. Os investimentos de melhoria na rede elétrica são revertidos na tarifa dos consumidores, conforme previsto nos procedimentos da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL)”, informou a empresa em nota.
Tem como fazer? - A implantação do sistema underground de fiação, que parece distante na Capital Sul-mato-grossense, está em vigor desde 2005 em São Paulo, porém ainda caminha a passos curtos.
Uma lei da cidade mais populosa da América Latina obriga concessionárias, empresas estatais e operadoras de serviço a enterrarem todo o cabeamento de rede elétrica, telefonia e televisão instalados no município. Porém, mais de 15 anos após a aprovação da legislação pouco foi feito. Hoje estimativa de que apenas 10% da fiação de São Paulo seja subterrânea.
Em 2019, a discussão chegou a ser levantada na Câmara Municipal de Campo Grande, mas o assunto não avançou. A Procuradoria da casa de leis deu parecer favorável com ressalvas, ao Projeto de Lei 9.510/19 que obrigava concessionárias de Serviços Públicos e Privados e prestadoras de serviço que operem com a fiação de energia elétrica, de telecomunicação de telefonia fixa, de internet e de TV a cabo a instalar o cabeamento subterrâneo.
A proposta, que nem sequer foi votada no plenário da Câmara, determinava a substituição da fiação de maneira gradativa na proporção mínima de 5% a cada ano, até um prazo máximo de 12 anos.
De acordo com a proposta que não foi levada adiante em Campo Grande: “Todos os custos para a implantação do cabeamento subterrâneo serão de inteira responsabilidade das permissionárias, inclusive aqueles decorrentes de danos nas áreas públicas em razão do enterramento de cabos, bem como o refazimento de calçadas, recapeamento de vias, guias, assim como a manutenção da rede”.
Projetos semelhantes também foram apresentados em outras cidades espalhadas pelo Brasil, como Campinas, Belo Horizonte, Curitiba, São José do Rio Preto, Bauru, Glicério entre outros.
Entre as principais captais a situação não é de totalidade de instalação subterrânea, mas vai bem melhor que em Campo Grande. Estima-se que em Belo Horizonte o percentual seja de fiação subterrânea seja de apenas 2%, em Porto Alegre de 9% e no Rio de Janeiro, 11%.