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Cidades

Sem normas para identificação, cabos e fios de telefonia dão "nó" na cabeça

Em Mato Grosso do Sul não existem especificações técnicas quanto à caracterização de equipamentos da Oi, Vivo e Net.

Anahi Gurgel | 21/08/2018 06:45
Poste de concreto sustenta fios e cabos de energia e telecomunicação. (Foto: Paulo Francis)
Poste de concreto sustenta fios e cabos de energia e telecomunicação. (Foto: Paulo Francis)

Literalmente, dá um “nó” na cabeça observar os fios, cabos e equipamentos que, entrelaçados, se distribuem no alto dos postes de energia elétrica espalhados por Campo Grande. Um emaranhado tão grande que fica impossível contar e, principalmente, distinguir quais são os de energia elétrica e os de telecomunicação - diferente de São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, onde leis versam sobre a identificação dessas estruturas.

Em Mato Grosso do Sul, não existem especificações técnicas quanto à caracterização dos fios e cabos que integram o rol de serviços das empresas de telecomunicações. No estado são três, atualmente: Oi, Vivo e Net.

“Como são poucas empresas, não fica muito difícil distinguir os equipamentos. Eles se diferem na altura, no esticador, presilha, no suporte que dá sustentação, roldana. Internamente, há distribuição de cores, mas por fora todos são pretos. Apesar disso, tem que ter experiência para identificar e evitar problemas”, detalha o presidente do Sinttel (Sindicato dos Trabalhadores de Telecomunicações de Mato Grosso do Sul), Rafael Gonzalez.

Rafael Gonzales, presidente do Sinttel, na sede do sindicato em Campo Grande, durante entrevista nesta tarde (Foto: Paulo Francis)
Rafael Gonzales, presidente do Sinttel, na sede do sindicato em Campo Grande, durante entrevista nesta tarde (Foto: Paulo Francis)

Com o avanço das tecnologias, ele acredita que haverá mais organização e segurança para os técnicos executarem suas atividades. A categoria contempla cerca de 7 mil pessoas no estado, sendo 4 mil na Capital.

“A maior parte dos equipamentos hoje integra fiação aérea. Há cerca de 10 anos, a transmissão de dados era feita só por rádio, hoje tem a fibra óptica. Isso traz mudanças, como a substituição da chamada alça pré-formada para a de plástico, que não conduz energia. Também torcemos pelo cabeamento subterrâneo e expansão dos serviços de internet para toda a cidade”, complementa.

Hoje, o setor de telecomunicações no estado conta com o fio drop, com um par de fibra óptica, e o cabo, que é mais grosso, de 10 a 200 pares. O subterrâneo tem de 800 a 1.500 pares. “É preciso atenção na manutenção e instalação, até porque podemos receber multas”, diz.

Fiação aérea registrada na Rua 14 de Julho em Campo Grande (Foto: Paulo Francis)
Fiação aérea registrada na Rua 14 de Julho em Campo Grande (Foto: Paulo Francis)

Direito do consumidor - O engenheiro eletricista, Jenner Ferreira, consultor da área de energia, explica que existem no estado normas da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) que estabelecem uma organização de cabos e fios, que incluem aspectos como custos de manutenção de operadoras de TV a cabo ou telefonia, por exemplo.

“Em São Paulo e Rio de Janeiro essas normas, são mais amplas, pois lá existem inúmeras empresas atuando, diferente daqui. Seria extremamente importante, pois os cabos de telecomunicações são os mais expostos, ficam em menor altura em relação ao solo", detalha.

Ele complementa que, por essa característica, acabam sendo rompidos mais facilmente. “Como não interferem no fornecimento de energia, fica mais difícil para o consumidor descobrir que é um problema no cabo. Por isso é importante essa atenção a esse quesito”, ressalta.

“Um leigo vê aquela confusão de fios, cabos enrolados, fica preocupado. Risco de levar choque é pequeno, mas existe. As distribuidoras de telecomunicações possuem um péssimo hábito de deixar sobras de fios e cabos enroladas nos postes, já pensando na expansão dos serviços em determinadas regiões. E aumenta ainda mais o emaranhado.

Ele defende que haja maior debate junto à população quanto ao ordenamento dos cabos, fios e aterramentos. Fios subterrâneos podem custar até 7 vezes mais, mas representa mmais segurança, qualidade no serviço, menos roubos e furtos, rompimentos. Devemos ampliar as discussões sobre o tema”, enfatiza.

Fiscalização - A Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana) informou que não está previsto no Código de Posturas, lei que regula o "funcionamento" da cidade, esse tipo de fiscalização”.

A Energisa informou que tem contrato de compartilhamento de uso mútuo da infraestrutura, para a utilização dos postes, com cada uma das empresas de serviços de telecomunicações - regulado pela Aneel e Anatel. No acordo, constam as obrigações das partes, incluindo o respeito às normas vigentes de segurança e demais aspectos técnicos, como limite de reserva técnica, altura do cabeamento, etc.

Também informou que as "escoltas" como são chamadas as sobras de cabos e fios que ficam enroladas nos postes é permitida pela Aneel.

No caso de infração de alguma das normas, as empresas são notificadas para regularização e, em casos extremos, pode haver o recolhimento do cabeamento irregular.

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